Olá, amigos! “Taverna” foi a primeira história que eu criei em um jogo (o The Sims 3). Na época, ela foi
disponibilizada em arquivo “.pdf”, como se fosse um livro, para um seleto
grupos de amigos queridos, fãs desse game. O primeiro capítulo foi liberado no
dia 17 de setembro de 2009. E o último capítulo, apesar de pronto, nunca se
tornou acessível (por motivos que me fogem à memória). E devo lhes alertar que,
no capítulo seis, o Sim que faz o Nooa foi substituído por outro Sim (mesmo
personagem, Sims diferentes; só não recordo o motivo). Na versão original,
Riverview era chamada de “Finlândia Sim”
e Sunset Valley era chamada de “Brasil
Sim”, por isso a mistura de nomes finlandeses e brasileiros. Assim, aqui lhes
apresento “Taverna”. Uma versão
atualizada, reescrita em alguns pontos. E deixo-lhes minha palavra de que,
aqui, vocês terão o final desta história. Então, velhos e novos amigos, sejam
bem-vindos e espero que curtam a leitura.
Ass.: a autora, sob o pseudônimo de Sally Winter.
Quando um vampiro poderoso possui planos de
aumentar seus poderes, alguém precisa pará-lo. Acompanhe a história dos irmãos
Styrman e de seu envolvimento com o mundo sobrenatural.
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TAVERNA
Parte 01 – O Esquecido
“Aquele
que pergunta pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar
será um tolo para o resto da vida”.
Provérbio
chinês.
O nome dela era
Tuuli Styrman, uma adolescente de 14 anos; ela morava em uma bela residência -
com sua mãe (Katriina) e seu padrasto (Rikhard Filatov) -, em um dos bairros
mais exclusivos de Riverview, uma das cidades do Terceiro Império do mundo dos Sims. E ela era uma garota que geralmente
não se achava muito parecida com as amigas de sua idade; sentia-se mais velha
do que elas na maioria das vezes. E também mais triste do que as outras pessoas,
embora enxergasse, de vez em quando, um certo exagero ao avaliar o modo como
lidava com suas emoções. Talvez seu maior problema fosse o fato de ainda
possuir uma forte ligação com seu passado, pois sempre se pegava suspirando por
como era sua vida antes, quando ainda tinha sua família morando junta e feliz:
ela, seu irmão mais velho (Nooa), o pai (Markku) e a mãe, embora essa última
fosse uma pessoa um pouco difícil.
E apesar de que,
naquela época, ela ainda era uma criança, Tuuli lembrava-se claramente do dia
em que sua genitora havia colocado dentro de casa o Sr. Rikhard Filatov. O pai
dela viajava muito a negócios. Então, um dia, Markku recebeu um telefonema de
Katriina, declarando-o "persona non grata"
na casa, isto é, ele não era mais bem-vindo. Assim, o Sr. Styrman voltou a
Riverview apenas para acionar seus advogados contra a recente ex-esposa. Ele
queria ficar com as crianças. No entanto, não obteve sucesso no processo,
ficando Nooa e Tuuli com a mãe.
Mas quando o
garoto fez 16 anos, em uma das vezes em que foi passar férias com o pai, em Sunset
Valley, onde esse morava, ele resolveu que não retornaria mais para a casa de Katriina.
E foi aí que o coração de Tuuli ficou despedaçado, mesmo com as muitas ligações
que recebia quase todos os dias de ambos: do pai e do irmão... E incontáveis
foram as vezes em que eles a chamaram para morar lá, mas muitas coisas tinham
mudado dentro daquele lar desde que Nooa saíra de lá. E Tuuli não queria deixar
a mãe sozinha com Rikhard.
Eram raras as
noites em que esse casal não saía para as festas promovidas pela alta sociedade
local. E geralmente chegavam bêbados, ou brigando ou arrumando confusões. Um
verdadeiro inferno! Então Tuuli usava sempre as mesmas desculpas para seu pai e
Nooa: ela dizia que não queria ir para Sunset Valley por causa dos amigos que
tinha ali, que não queria ficar sem eles, que amava a cidade. Mas a verdade é que
sua real preocupação era o fato de Rikhard fazer péssimos negócios com o dinheiro
de sua mãe. E a pensão que Katriina recebia, por Tuuli ainda estar morando lá, estava
se tornando cada vez mais necessária.
Domingo; Quase 5h da manhã.
Tuuli tinha acordado
com a barulheira causada pelo casal já citado, que mais uma vez havia chegado
bêbado em casa. Ela se levantou, escovou os dentes e foi para seu computador.
Sua melhor
amiga, Bete Simovitch, estava online no bate-papo do FaSIMbook, e assim que
percebeu que ela já estava acordada, imediatamente ligou para Tuuli:
- Bom
diiiiiiiiia, loirudaaaaaaaaa!!! – Bete a chamava assim de vez em quando.
- E aê,
Maluquinha? – Tuuli riu, disposta a esquecer da angústia que sentia ao ouvir o som
alto que vinha da sala. Sempre que bebiam demais, Katriina e Rikhard colocavam músicas
para tocar às alturas! Não havia ouvido que aguentasse!
- Menina,
adivinha?!! – Bete estava toda empolgada. – Ganhei um carro do papai!!! Verdinho,
do jeito que eu queria! Lindo! Presente de 16 anos!
- Wow!!! Que
demais, Bete!!! – Tuuli ficou super alegre por ela.
- Demais, né? –
Ela riu. – Mas me diz uma coisa,... Hoje você vai ensaiar com aqueles malucos
de preto?
- Não fala assim
deles, Bete. – Tuuli reclamou. – Eles podem até parecer estranhos ou um pouco
intimidadores para a maioria das pessoas, mas são super legais. E são
headbangers, ou se você preferir, pode chamá-los de “metaleiros”, apesar de alguns deles não gostarem muito desse título.
– Ela riu.
- Sei. Ai, ai.
Quem te vê toda “Barbie” nem imagina
o que tu curte ouvir, hein? – Ela deu risada.
- Então,... –
Resolveu ignorar o comentário da amiga. - O Tristan, que é o vocal masculino, ligou
ontem desmarcando. O baterista, o Sven, precisou viajar.
- Ah, tá... –
Bete falou sem esconder o desinteresse.
Tuuli cantava
numa banda de doom metal chamada “Somber SIMmilarity”. Era uma banda formada
por adultos, mas ela havia conquistado o respeito deles quando tinha 12 anos de
idade, ao cantar a introdução lírica da música “Evenfall”, da banda TristaniaSim.
A partir daquele momento, eles decidiram que não poderiam perdê-la como vocal.
E ela estava com eles até hoje. Cantavam músicas próprias, estilo “Theatre of Sim
Tragedy”, e faziam algumas músicas cover de outras bandas conhecidas.
- Então,
loiruda! Fiquei tão animada com o carro que me esqueci de te contar a novidade-mor!!!
– Disse Bete, animadíssima.
- E qual seria
essa “novidade-mor”? – Tuuli perguntou
um pouquinho mais séria, já preocupadinha; conhecia Bete e sabia que a amiga
era boa para se meter em confusões e brigas.
- Menina, fiquei
com o João Novato!!!
Tuuli deu boas
risadas:
- Huahuhauhua...
Sério? Finalmente, hein?
- Foi lindo, foi
lindo!!! Ontem meus pais foram visitar os pais dele. E olha que eu nem sabia
que eram amigos! Fui junto e me surpreendi! – Ela riu. - Passamos a tarde lá...
Daí, ele me chamou para ver a vista da área superior da casa dele. E que vista,
menina!... Aí já sabe, né?... – Disse, toda derretida.
- Aiiiiii, que
lindo!!! – Tuuli sorriu, ouvindo o relato da amiga. – Tá apaixonada mesmo,
hein? – Ela deu risada.
- Tô mesmo! –
Bete riu. – E, bem, quero estrear meu carro novo com meu amado e com minha
melhor amiga!... O que acha de passar esse domingo passeando com a gente por
aí?
- E virar a
“vela do ano” atrapalhando o casalzinho? Nem pensar. Obrigada, best. – Tuuli
riu.
- Que vela!
Deixa de besteira. O Novato vai levar um amigo dele. Um tal de Daniel Wang, que
estuda lá na escola da gente. Sabe quem é?
- Hmmm... Acho
que sei quem é sim.
- Vamos, amiga!
Por favor, por favor, por favoooooor?
- Hmmm... Ok, ok!
Vamos sim! Vai ser mais divertido do que ficar aqui em casa com minha mãe e meu
padrasto.
- Pois 6h tô
passando aí, ok? Kisses, darling!
- Ok! Estarei
esperando, Bete! Beijinhos, amiga! – Ela sorriu e desligou.
Uma das poucas
coisas que Tuuli gostava em sua casa era o fato de nunca ter que avisar à mãe
quando saía. As únicas regras eram: ela estar em casa até às 23h e não arranjar
confusão na rua. E ela sempre seguia isso à risca. Onde estaria, com quem
estaria, essas coisas não importavam para a Sr.ª Katriina. Mesmo porque Tuuli
tinha seu próprio cartão de crédito sem limites; e que Katriina de vez em
quando pedia emprestado para comprar algumas coisas para ela mesma. Assim, era
meio que uma troca “não oficializada” verbalmente: Tuuli saía para onde queria
e ela usava o cartão da filha quando estava a fim. Se o Sr. Markku Styrman
sonhava que isso acontecia? Não fazia nem ideia, claro.
Primeiro Bete
pegou a amiga em casa. Depois pegou o João.
E o Daniel
encontrou todos eles no local chamado “O Mirante”, onde ficaram conversando durante
um bom tempo.
De tardezinha,
saíram de lá e foram assistir um filme no Teatro Comunitário Villas Boas.
Pularam da poltrona em “Esqueci o que Vocês fizeram no Verão Passado – Parte 17”.
E depois foram
na Lanchonete Gordurimensa fazer um lanche.
Da lanchonete,
foram deixar o João Novato na casa dele.
Até curtiram um
tempinho lá, ouvindo música e conversando na área externa superior da casa.
- Nossa, ainda
tô viajando no filme! – Bete riu.
- Fala sério!
Foi a continuação mais fraca de todos os “Esqueci o que Vocês fizeram no Verão
Passado”. A parte 11 foi a melhor de todas! – João disse.
- Eu ainda
prefiro a parte 1. Mas o que acho engraçado nesses filmes é que, na hora em que
todos mais deveriam ficar juntos, resolvem se separar. – Tuuli riu.
- Se eles não se
separassem, dificilmente iriam ser assassinados por apenas um maluco, né? –
Daniel ria também.
- Ai, gente! É
uma questão de coragem!... O “líder” do grupo distribui tarefas. Os outros são
mortos porque são incompetentes! – Bete falou, com ar de entendida no assunto.
- Fala sério!
Ninguém morre por “incompetência”! – João disse. – Eles morreram foi por
burrice mesmo. – Ele riu. – Se separar com um maluco à solta realmente é atestado
de estupidez ou de insanidade!
- JOÃO, OLHA A
HORA, MENINO!!! – A dona Margarete, mãe do João, gritou lá debaixo.
- É. Acho que é
hora de dar tchau, hein, galerinha? – Tuuli riu da direta da mãe dele.
- Err...
Desculpa, turma. – O Novato ficou sem graça. – A mãe não tem papas na língua!
Eles ficaram
ainda mais uns minutinhos rindo e comentando o filme, até que desceram para se
despedir.
- Esses dois aí
se entenderam mesmo, hein? – Wang riu, vendo Bete e João nos beijinhos.
- É. – Tuuli
sorriu. – Que bom, né?
- É... E
você?... Tem namorado?
- Eu? – Tuuli
ficou surpresa com a pergunta dele. – Não, não, eu... Ainda não.
- E você tá de
rolo com alguém? – Sondando.
- Olha, eu não
te conheço bem ainda, então prefiro não falar muito sobre minha vida pessoal,
ok? Espero que entenda... – Ela respondeu, bem sem jeito.
E Tuuli se lembrou
da semana passada... Houve uma apresentação da turma dela no pequeno teatro da
escola. Tuuli finalizou a peça cantando “Con Te Partirò”.
E enquanto ela se
apresentava, percebeu um garoto novo na plateia: um loiro gatinho que lhe chamou
a atenção.
Quando a peça
finalmente acabou, ele se aproximou dela, se apresentando. O nome dele era
Hanke Berger. Ele era de Aurora Skies, novo no colégio, tinha 16 anos e tocava
bateria.
Ela estava
completamente encantada com a conversa dele, quando o primo dela, Aake, de 17
anos, se aproximou e mandou a grosseria:
- Ei, a garota é
minha prima. E só tem 14 anos. Cai fora, cara!
- Aake!!! – Ela
fechou a cara.
Hanke olhou
sério para Aake, por alguns segundos. Depois olhou para ela, sorriu, piscou o
olho e disse: - A gente conversa depois então, gatinha.
E o loiro então
deu um sorriso cínico para o primo dela e saiu.
Tuuli não se lembrou
de ter tido tanta raiva de Aake assim antes.
- Prometi para o
teu irmão que ia tomar conta de ti! – Foi o que ele disse para ela depois de
ter feito aquela ceninha.
E desde aquela
noite, na escola, Hanke não tinha mais falado com ela. Ainda mais porque Aake
estava sempre de olho.
- Ei, Tuuli, acorda!
Precisamos ir!!! – Bete já estava dentro do carro, buzinando.
Daniel já estava
dentro também. Tuuli tinha ficado meio perdida em seus pensamentos.
- Vamos. – Ela
entrou.
- E aí, povo?
Vamos rodar mais um pouquinho por aí? – Bete estava animada com o carro.
- Bem, eu tenho
que voltar antes das... Aiiiii, meu Will Wright!!! Já são mais de meia-noite!!!
– Tuuli então se deu conta de que tinha passado (e muito!) da hora de estar em
casa.
- Teus pais vão
te matar, é? – Daniel perguntou.
- Na verdade, se
meu pai souber, sim. Ele vive em Sunset Valley, sabe? Mas minha mãe provavelmente
não vai contar que cheguei tarde para ele. Pelo menos assim espero... Se ela
não estiver em casa, não precisa nem saber!
- Então deixa de
besteira, Tuuli! – Bete falou. – E, além do quê, você nunca chegou tarde em
casa! E aposto que sua mãe nem está lá mesmo ou ela já teria te ligado, não?
- Não sei... –
Ela respondeu.
- Olha, então
não é melhor a gente deixar a Tuuli em casa? – Daniel opinou.
- Aff. Vocês são
preocupados demais! Eu, hein! – Bete riu.
- Ela pode ter
problemas...
- Tuuli, deixa
de ser medrosa. – Bete disse.
- Não é medo. É
respeitar as regras de casa. – Tuuli falou com seriedade.
- É medo sim! –
Bete falou, com ar de certeza absoluta.
- Não é medo! –
Tuuli fechou a cara.
- Vocês não vão
ficar aí brigando, né? – Daniel reclamou.
- Vocês são dois
covardes. Já vi tudo. – Bete riu.
- Ei, eu não sou
covarde! – Daniel protestou, com o orgulho ferido e meio sem-graça de ter sido
acusado de covarde na frente de Tuuli.
- Você não é
covarde? – Bete escarneceu, olhando para ele pelo retrovisor.
- Claro que não!
- Ah, é? – Ela
freou o carro bruscamente. – Então eu te desafio a entrar ali, oh. – Mostrou o
cemitério, do outro lado da rua.
- Aff. E essa
agora! – Tuuli suspirou. – Bete, deixa de ser besta, vai.
- Eu te desafio,
Daniel. Ou você é mesmo o gordinho nerdinho medrosinho da escola?
- BETE! – Tuuli
fechou a cara. A amiga estava passando dos limites!
- EU NÃO SOU ESSAS
COISAS AÍ QUE VOCÊ DISSE!!! – O garoto exasperou-se, entre revoltado e envergonhado
pelos adjetivos usados contra ele na acusação de Bete.
- Então entra
lá, vai! – Bete disse, também com a cara fechada.
- Para, gente!!!
Para!!! – Tuuli tentava acalmar os ânimos, em vão.
- Beleza. Eu
vou. Mas só se você for também, já que é a “senhorita Coragem”! – Ele disse,
determinado.
- E por que eu
não iria? – Ela riu. – Devemos ter medo é dos vivos, querido.
- Escutem vocês
dois! O MEU medo é dos vivos mesmo! Vai que tem um psicopata à solta por aí!!!
– Tuuli tentava colocar um pouco de juízo na cabeça deles, mas eles a ignoravam.
- Espera! O que
eu ganho com isso? Isso é ridículo! – Daniel riu. – Eu não tenho interesse
nenhum em TE provar algo, Bete.
- Hmmm... – Bete
pensou um pouco. – Que idade você tem? Tem licença para dirigir?
- Tenho 16 anos.
Sei dirigir e tenho licença sim. Por quê?
- Você tem
carro, Daniel? – Bete perguntou, mas já sabia a resposta.
- Não. Não
tenho.
Tuuli olhava os
dois, calada, com raiva.
- Bem, Daniel,
se você ficar mais tempo do que eu no cemitério, te deixo passar a semana toda
com o meu carro. Você vai poder ir à escola com ele durante todos esses dias.
Todos saberão da aposta e verão que você não é o nerdoso de que tanto falam. Feito?
– Ela sorriu, estendendo a mão na direção dele.
Daniel ficou
pensativo por alguns instantes. Então olhou para Tuuli, como se ela em si já
fosse um incentivo suficiente para ele aceitar aquela aposta; assim, logo apertou
a mão de Bete: - Feito!
Bete estacionou
o carro por perto, na Avenida Principal, e eles três desceram.
- Vamos,
molengas! – Bete riu, correndo na direção do Cemitério Velho, que ficava na Ponta
da Ilha Comprida, atrás da Prefeitura.
- ...Tuuli, e
você? Vai ficar aqui? – Ele estava preocupado em deixar a menina sozinha.
- Claro que
não... – Ela disse, meio resignada. – Óbvio que vou com vocês. – Estava achando
aquela ideia péssima.
E correram para
lá.
- Viu o que
falei? Qual o medo em entrar aqui? – Já lá dentro, Bete tirava onda com a cara
dele.
Ele espirrou.
Então a olhou e disse: – Medo nenhum! Eu te disse! Não sou um covarde!
Já Tuuli olhava
ao redor, desconfiada, como se algo fosse sair a qualquer minuto de algum lugar
escuro ali e atacá-los.
- Espirra
baixinho, Daniel, para não acordar os mortos! Buh! – Bete riu.
- Tá frio demais
aqui... – Tuuli estava séria, muito séria.
- Gente,
temperatura assim não mata, ok? – Bete deu risada.
- Espera aí,
Wang! Se você ficar mais do que eu, vai dirigir meu carro por uma semana! Mas e
se EU ficar mais do que você? – Bete perguntou.
- Se você ficar
mais do que eu?... – Daniel olhou para cima, pensativo. – Ah, sei lá! Por que
você não perguntou isso antes?
- Ei, eu tô
perdendo nessa história! – Bete fechou a cara.
- Nem pense em
desfazer sua aposta! Não vai ser justo! – Ele reclamou.
E enquanto os
dois discutiam, Tuuli estava perdida no ambiente ao redor dela. Aquele monte de
túmulos a incomodava. E muito. Era difícil, para ela, aceitar que aquele era o
destino de todos, cedo ou tarde. E estar ali só a fazia pensar nisso, o que a
deixava tensa e para baixo. E enquanto os dois amigos discutiam, a garota
perscrutava o local, até que seus olhos foram atraídos para um túmulo
específico, mas comum, igual a todos os outros.
E, sem pensar
duas vezes, movida por uma força maior do que ela, inexplicável, Tuuli começou
a se aproximar dele.
Na lápide estava
escrito: “Aqui repousa Henrike de Anders”.
“Henrike de Anders...”, Tuuli não tirava
os olhos dali. Aquelas palavras ecoando em sua mente: “Henrike de Anders...”.
- Já te disse
que não sei! – Falava o Daniel.
- Ora! E cadê
sua criatividade, hein? Quero saber o que vou ganhar se ficar aqui mais tempo
do que você! – Bete estava revoltada.
Estavam tão
entretidos na conversa que não tinham reparado que Tuuli tinha se afastado deles.
- Err,... Um
beijo?... – Ele riu.
- Sério! Não
acredito no que ouvi! Tá querendo furar o olho do João?
- Tô falando no
rosto, oh! – Ele pareceu sinceramente ofendido com o que ela pensou. - Você não
faz meu tipo, Bete!
Ela ficou
boquiaberta: - Como é que é?!! – Indignada. – Eu, linda, poderosa, maravilhosa,
não faço o TEU tipo?
- ... – Ele
preferiu ficar quieto.
- Eu não faço o
teu tipo! – Ela repetiu, revoltada, sem acreditar no que ouviu e sem perceber que
Daniel tinha ficado estranhamente quieto e pálido, olhando na direção onde
Tuuli estava.
- Fala,
Daniel!!! EU não faço o teu tipo, seu nerd? – Bete deu um empurrãozinho nele e,
não obtendo uma resposta imediata, olhou instintivamente para a mesma direção
que ele olhava.
- Oh, meu Will
Wright!!! Oh, meu Will Wright!!! – Foi a única coisa que ela conseguiu
balbuciar antes de começar a correr para longe dali.
Assim que Bete
começou a correr, Daniel saiu do estado de inércia:
- TUULI,
TUULI!!! CORRE!!! – Ele gritou.
- Quê?!!! –
Tuuli tomou um susto. Virou-se e já viu Wang e Bete correndo para lados opostos
do cemitério. Sem nem pensar duas vezes, ela começou a correr também, para a saída
dos fundos do local, que estava mais perto dela.
- BETE!!!
PARA!!! PARA!!! – A garota gritava.
Mas Bete nem
olhava para trás, apavorada, em pânico!
- BETEEEEEEE!!!
PAAAAAARA!!! - Tuuli gritava em vão, tentando alcançar a amiga.
No entanto, a Simovitch
atravessou a rua e correu para seu carro. Entrou nele, travando as portas,
enquanto Tuuli se aproximava: - ABRE A PORTA, BETE!!! ABRE!!! – Agora ela era
quem estava em pânico.
Mas Bete pisou
no acelerador e deixou a amiga ali, na rua, sozinha e atordoada com a atitude
dela.
- Eu não
acredito... Eu não acredito!... – Tuuli não podia crer que sua melhor amiga a
havia largado na rua daquele jeito. – MAS QUE DROGA!!!
A Styrman estava
completamente enraivecida, indignada! Pegou o celular e começou a ligar para Bete.
Nada. A garota não atendia. Então olhou ao redor e começou a procurar por Wang:
- DANIEEEEEEL!!!!! DANIEEEEEEEEL!!! - Gritou mais algumas vezes, até que ficou
com medo de chamar a atenção de algum meliante ou algo do nível. Estava tão
atordoada que não tinha a mínima ideia do que fazer. Ficou quase uns dez minutos
nessa (minutos esses que, para ela, pareceram muito mais), até que uma viatura policial
dobrou a esquina e parou ao seu lado.
Segunda; quase 2h da manhã.
O policial ligou
para o número do telefone da casa de Tuuli. O telefone tocou, tocou e ninguém
atendeu. Não havia ninguém em casa. Ela teve que dar o número do celular da mãe.
Então eles conseguiram contatá-la, avisando que encontraram a garota na rua sozinha
àquela hora da noite e que estavam à caminho para deixá-la em casa; no entanto,
os policiais queriam falar pessoalmente com um dos responsáveis pela
adolescente.
- Está feliz
agora? – Katriina esperou as duas entrarem em casa para começar a discussão com
a filha, depois de ter ouvido umas poucas e boas dos homens da lei. – Você me
fez sair de uma das melhores festas que já ocorreram nesta cidade, Tuuli! Na
casa do prefeito! – Ela estava muito aborrecida. – Eu deveria te entregar para o
teu pai! Queria ver se ele te daria essa liberdade toda que eu te dou!
Rikhard assistia
TV na sala, impassível.
- Mãe, desculpa!
Olha, a culpa não foi minha! – Tuuli falava, sua cabeça mais preocupada em
saber o que teria feito Daniel e Bete fugirem correndo do cemitério; o que
teria assustado Bete a ponto dela largar a melhor amiga na rua.
- Não quero
ouvir suas explicações, ok? Guarde-as para você! – Katriina estava muito irritada.
- Mamãe, por
favor! Você sabe que nunca me comportei mal, que sempre segui as regras da casa!
A culpa não foi minha!
- Olha, cala a
boca! Nem quero mais ouvir, entendeu? – Katriina falava com impaciência. A
vontade dela era mandar a garota para Markku, mas a pensão que recebia era
muito boa. E como as coisas não andavam muito bem nos negócios (já havia perdido
toda a parte que recebeu da fortuna de Markku quando se separou dele), então seria
muita burrice perder o “pote de ouro”
que ainda tinha.
- Eu estava com
meus amigos. Só isso! Como faço sempre!
- Tuuli, você
quebrou a única regra que eu te dei! Você nos tirou de um evento social
importante! Tivemos que sair às pressas inventando uma desculpa esfarrapada!
- Mãe,
desculpa!...
- Que bela
egoísta você está me saindo, hein? Já pensou se alguém fica sabendo que minha
filha chegou em casa de madrugada em uma viatura?!! – Katriina queixou-se
enquanto retocava o batom. – O que é que vou fazer com você, hein?
- ...Mãe,...
- Fica de boca
fechada, ok? Boca fechada! – Ela quase gritou. Katriina não suportava perder
sua compostura aristocrática habitual. Guardou o batom.
- Está usando
drogas, é, Tuuli? – Rikhard perguntou, calmo.
- CLARO QUE
NÃO!!! – Foi a vez de Tuuli fechar a cara.
- NÃO GRITA!!! –
Katriina gritou. – Que coisa horrível! Vamos tentar ser civilizados!
A menina se
calou.
- Tuuli, não
faça essa cara. Rikhard se preocupa com você. Só isso. Assim como eu, ele está
preocupado se alguém aqui na vizinhança a viu chegar com a polícia! Imagine o que
vão falar de nós, de você! – Ela lançou um olhar carinhoso para o marido, que continuava
de costas, assistindo seu programa. – Ele só está tentando ser um bom pai para
você, querida. Só isso!
Tuuli riu,
claramente ofendida: - Ele não é meu pai!
E a simples
frase de Tuuli foi motivo para ela tomar um grande, forte e sonoro tapa no rosto:
- NÃO REPITA MAIS ISSO!!! – Katriina gritou, com muita raiva.
- VOCÊ MAGOA OS
SENTIMENTOS DE RIKHARD, SABIA?!!
Tuuli chega
ficou sem reação. Nunca tinha sido agredida assim por ninguém.
- ELE FAZ DE
TUDO PARA SER UM BOM PAI, MAS VOCÊ RECONHECE?!!! CLARO QUE NÃO!!! ESTÁ MAIS
PREOCUPADA CONSIGO MESMA!!!
Rikhard
continuava na dele.
- Agora quer
diminuí-lo?!!! Isso eu não vou aceitar!!! Óbvio que ele é muito mais seu pai do
que o Markku, aquele egoistazinho miserável, que NUNCA tem tempo para você!!! Quantas
vezes ele veio aqui te ver desde que foi embora de vez para Sunset, aquele país
horroroso? Quantas? Se foram três vezes, foi muito!!! Agora sai da minha
frente!!! Sai da minha frente, sua garota mimada e ingrata!!!
Tuuli saiu
chorando.
- Ei, não
precisava ter dado aquele tapa nela... – Rikhard disse, depois que a menina
saiu dali.
- Odeio gente
ingrata.
- Sério,
querida. Não precisava. – Ele falou como quem se importava.
- Ela vai pensar
duas vezes antes de querer colocar o Markku acima de você dentro desta casa. – Ela
disse.
Tuuli foi tomar
seu banho para dormir... O som alto havia acabado de começar na sala da casa. A
mãe e o padrasto ouviam agora (assim como toda vizinhança) Pepino di Capri
cantando “Roberta”.
E como Tuuli se
sentia sozinha!... E em pensar que há alguns anos era tudo tão diferente, tão
bom... Ela então começou a cantar baixinho “Solitude”, do CandlemassSim.
Lembrou-se de
quando o irmão morava com ela ainda. Em como eles se ajudaram quando os pais se
separaram. Aquela época foi barra para os dois, mas eles se apoiaram um no outro.
Estar perto dele fazia com que ela se sentisse protegida e feliz...
E suas memórias daquela
época lhe traziam certa leveza ao coração! Como a lembrança daquela vez em que ela
conseguiu fazê-lo brincar de casinha!
- Ah, Nooa, por
favor! Brinca comigo de casinha hoje, vai!
- Tuuli, eu não
gosto de brincar disso! Fala sério!
- Por favor, Nooa!
Por favor!
- Não. Já te
disse que não umas mil vezes hoje! Você não se toca que tá enchendo?
E então ela lhe
deu aquele olhar todo magoado. E ele mudou de ideia, fazendo-a prometer que não
contaria isso nunca para os amigos dele.
Lembrou-se das
tardes de domingo que ele tirava para passar um tempo com ela, brincando no
parquinho que o pai deles tinha feito na parte detrás da casa para Tuuli,...
E de quando
passavam um tempo do lado de fora da residência, em raras ocasiões, quando Nooa
estava de bom-humor...
Lembrou-se de
como amava quando ele tocava violão para ela,...
Ele não tocava
muito bem, mas ela não ligava.
Ela adorava os
momentos que passavam juntos, que eram poucos, já que ele estava sempre com a
turma de amigos dele e ela era só uma “pirralha”. E por isso ele não a deixava
sair com eles. Tuuli lembrou-se de uma vez quando ela fez algumas perguntas
para o irmão: “Por que não deixa eu sair
com vocês? Por que faz isso comigo? Você já foi criança, sabia?”. Ele riu
muito e depois a chamou para jogar game com ele.
“Oh, Nooa,... Queria tanto que você estivesse
aqui...”, ela pensou.
Então saiu do
banho, colocou sua roupa de dormir e dirigiu-se para o quarto do irmão, pois quando
estava muito mal, sentia-se melhor lá. Era como se estivesse mais protegida...
E novamente as
memórias lhe voltaram! Ele sempre a deixou dormir na cama dele, enquanto ele
ficava na internet por quase toda a madrugada. Então, quando ele ficava com
sono, preferia ir dormir na sala a correr o risco de acordá-la levando-a para a
cama dela.
Ele, na maior
parte do tempo, era meio rabugento e reclamão, mas Tuuli preferia se lembrar
dos momentos em que ele decidia ser legal, pois apesar de chato, implicante,
brigão e mandão, Tuuli amava demais aquele irmãozão que ela tinha!
Quase todos os
dias ele ligava para saber dela, como ela estava indo, se havia alguém criando
problemas na escola, como estavam as notas dela, etc. O pai dela fazia o mesmo.
Eram os dois em cima de Tuuli, cobrando-lhe um ótimo comportamento, mesmo ambos
estando longe, o que fazia com que ela os sentisse muito mais próximos do que a
mãe, que morava ali. E ela respeitava os dois extremamente. Eles eram os
ícones, os ídolos dela.
E na cama de Nooa,
apesar do barulho na casa, Tuuli dormiu um sono tranquilo, alheia ao destino
que tivera Daniel Wang...
Dia
seguinte, pela manhã, bem cedo.
- Acabei de
deixar sua mãe no centro da cidade. – Rikhard disse, sério.
- Bom dia para
você também. – Ela falou com ironia.
- Queria ver o
que seu pai diria se soubesse o que você aprontou ontem!...
- Ué... – Ela
olhou para ele, cínica. – E por que vocês dois não contam tudinho pra ele? - “Será
que é medo d’eu ir embora e vocês perderem a pensão?”, ela pensou, achando que
seria melhor não comprar briga. Não depois de uma noite como a do dia anterior.
- Você é muito
respondona! Se fosse minha filha, não ia ser assim.
- Pois é. Mas eu
não sou sua filha.
Ela levantou-se
para jogar a caixinha do suco fora.
Rikhard e
Katriina temiam que Tuuli decidisse ir embora para Sunset Valley também, como
Nooa tinha feito. A questão é que, quando o garoto partiu, o dinheiro da pensão
que Katriina recebia pelos filhos foi cortado pela metade. E se a guria fosse
também, com certeza Markku cortaria o que eles ainda estavam recebendo.
- Vai sair hoje?
– Ele perguntou, sondando.
- Por que quer
saber? Desde quando eu aviso quando vou sair e quando não vou? E ainda mais para
você!
- A partir de
hoje vai falar, porque se acontecer alguma coisa com você, seu pai vai nos
culpar! – Ele fingiu uma preocupação que não tinha, dando uma mordida no pão
com geleia.
Ela riu: - Tá
bom. Espera sentado então. – Tuuli então seguiu para seu quarto.
Rikhard
acompanhou a movimentação dela com o olhar.
“Garotinha
petulante.”,
ele pensou. “Mas também está cada dia mais bonita...”. Estava ficando
cada vez mais difícil, para um tipo como ele, não notar que a filha do
Sr. Styrman estava crescendo...
O dia na escola tinha
sido um verdadeiro pesadelo para Tuuli.
“Eu só posso
estar ficando doida!”,
Ela pensava, completamente confusa, completamente perdida, enquanto ia de táxi
para a casa de Bete Simovitch, que havia faltado à escola naquela segunda.
Absolutamente
TODAS as pessoas da escola disseram que NUNCA tinham ouvido falar de Daniel
Wang. E Tuuli insistiu tanto que até foi levada para a psicóloga do colégio,
que acabou liberando-a para ir para casa mais cedo.
“Eles só podem
estar de brincadeira comigo!”, mas sua razão lhe dizia que era
impossível TODA uma escola dizer não conhecer um garoto. Professores, alunos e
até mesmo o próprio diretor, que disse não haver nem registros desse garoto lá
dentro.
“Será que tinha
alguma coisa naquele suco que tomei hoje de manhã? Será que ainda estou
dormindo e isso é uma espécie de sonho bizarro?”, Tuuli estava
realmente perturbada com aquilo. Ela sabia que não era louca.
- Boa tarde, Sr.
Simovitch. – Tuuli disse assim que o pai de Bete, Vadinho, abriu a porta da casa
para ela e a convidou para entrar. A dona Fátima, mãe da Bete, estava
assistindo a novela na sala.
- Boa tarde,
Tuuli! Você veio ver a Bete, né?... Então! Ela deve chegar daqui a pouco. – Ele
disse.
- É... É que eu
fiquei preocupada... Ela não foi para a escola hoje...
- Pssss!... –
Dona Fátima reclamou. – Falem mais baixo! – Ela assistia “Inimigo
Íntimo”1, novela do talentoso autor Wiarley Borba. Todos
amavam!
- Errr...
Desculpe... – Tuuli ficou sem graça.
1 Na época que
criei Taverna, essa novela em vídeo de Will era sensação! Ainda é maravilhosa!
O primeiro episódio de “Inimigo Íntimo”
foi lançado em 12 de agosto de 2006, dez anos atrás. Sugiro que assistam! :)
- Então... – O
senhor Vadinho continuou, com o tom de voz mais baixo. – É que como vocês estudaram
o domingo inteiro ontem, até tarde, ela não conseguiu acordar de jeito nenhum!
Aí ficamos com pena e a deixamos dormir! – Ele sorriu.
“Estudamos até
tarde?...”,
Tuuli pensou, sem dizer nada, com um sorriso sem graça no rosto, olhando para
ele, diante da descoberta da desculpa que Bete deu para sair no dia anterior.
- Pode sentar
ali no sofá. Daqui a pouco ela chega. Pedi que ela fizesse umas comprinhas para
mim no supermercado.
- Fica para
jantar conosco, Tuuli! – D. Fátima a convidou.
- Errr... Claro,
Dona Fátima. Fico sim, obrigada!
Então Bete chegou,
entrando na sala: - Tuuli!!! Oi, loiruda!!!... Espera aí rapidinho que vou só
ver uma coisa aqui! – Ela disse, passando direto para o computador. “Deixa
eu ver se o meu Novatinho deixou mensagem no meu FaSIMbook!!!”, ela pensou.
- Sr. Simovitch,
se o senhor me dá licença...
- Claro, Tuuli!
– Ele sorriu.
E Tuuli foi na
direção de Bete.
- Ei, podemos
conversar no seu quarto agora? Sobre aquele “trabalho da escola que fizemos ontem lá em casa”. – A loirinha
frisou, com a carinha meio fechada e o tom de voz cínico, o que deixava claro
para Bete que era melhor ela obedecer.
- Errr... Claro!
Vem! – Bete puxou a garota, principalmente quando percebeu o pai ligadão na
conversa das duas, no sofá próximo.
- Fala... – Bete
disse, assim que entraram no quarto dela, com cara de quem já estava esperando
bronca.
- Antes de tudo,
pelo amor de Will Wright, me diz que você se lembra do Daniel Wang.
- Lembro sim! –
Ela riu.
- Ufa!... Ainda
bem! Achei que estava ficando doida!
Bete começou a
olhar estranho para ela.
- Que foi? –
Tuuli mandou a olhada de volta.
- Loiruda, eu
tava brincando. Eu nunca ouvi falar de nenhum Daniel Wang!...
- Para de
brincadeira, Bete! – Tuuli fechou a cara.
- Eu estou
falando sério! – A garota realmente estava com uma expressão de quem não estava
entendendo mais nada.
- Bete,...
Passamos o dia juntos ontem: eu, você, o João Novato e o Daniel. À noite,
deixamos o João em casa e, de lá, fomos para o cemitério, por causa de uma
aposta babaca que você fez com o Wang! Mas daí vocês dois viram algo e saíram
correndo de lá feito loucos. E você, minha “AMIGA”,
me largou sozinha no centro da cidade!
- Tuuli, você
bebeu?... Nós NÃO fomos para o cemitério! Você está louca? Deixei João em casa
e você me pediu para eu te deixar na Avenida Principal, perto da prefeitura,
dizendo que seria onde sua mãe tinha te mandado mensagem dizendo que ia te
pegar. – Ela repetiu: - Você ficou lá porque me disse que seria onde sua mãe
lhe pegaria!
- Como é que é
essa história aí? Isso não aconteceu! Não foi assim! – Então ela pegou seu
celular e checou a caixa de mensagens. - Olha aqui! Nenhum recado da minha mãe!
- É sério! Eu ia
até ficar esperando-a com você, para você não ficar sozinha, mas você bateu o
pé dizendo que não, que ela já estava para chegar! Praticamente me botou para
correr!
- Não! Não foi
assim! Já te disse! Você fez uma aposta besta com o Wang! Fomos para o
cemitério! Lá vocês viram algo e saíram correndo!
- Dentro do
cemitério?... Tuuli, você está bem?... – Bete ficou preocupada. – Já te disse!
Não fomos para lá! Eu te deixei em uma rua perto de lá e só! O que iríamos fazer
em um cemitério? Eu, hein!
- Não, não!...
Nós fomos lá sim! O Wang foi também porque queria provar que não era covarde! E
você disse que ele poderia dirigir seu carro por uma semana!
- Tuuli, vamos
por partes, amiga,... Um: não tinha nenhum Wang, nenhum Daniel ou sei lá quem
conosco! Estávamos eu, você e o João. Só! Dois: eu NUNCA faria uma aposta
envolvendo meu carrinho novinho lindinho, oh!
- Não, não... –
Tuuli estava se sentindo atordoadinha. – Não foi assim, não foi assim... Olha, eu
vou para casa, minha cabeça não tá legal...
- Não! Espera!...
– Bete nunca deixaria a amiga sair daquele jeito. Ela nunca tinha visto Tuuli
assim tão perturbada. – Fica aqui até mais tarde hoje!... Você sabe que minha
mãe não vai te perdoar se você não jantar conosco! Imagino que ela já tenha até
te convidado para isso, não? – Bete sorriu.
Tuuli fez que
sim com a cabeça: - É... Ela me chamou sim...
- Então fica ok?
- Ok... – Ela
respondeu, com sua cabeça longe dali...
E ficou para o
jantar.
Naquela mesma segunda-feira, madrugada, horas
antes (pouco depois de Tuuli ter sido entregue em casa pela viatura policial)...
Antiga Mansão da
Duquesa de Savoy. Recentemente reformada.
Um homem
observava, da varanda da suíte principal, a casa de seus vizinhos.
Seu nome era
Gunnar, cujo nome escandinavo significa “Guerreiro”.
Gunnar era o
responsável por observar de longe Angelline, em cada uma das vidas dela. E ele
fazia isso com devoção, sempre feliz com o fato dela sempre renascer perto de
suas antigas propriedades.
Ele havia
transformado essa tarefa na principal razão de sua existência, orgulhando-se do
papel que tal dama lhe dera em sua história; ele apenas ficou vigilante ao
sinal do artefato do aliado egípcio Akhenaten: o “Quadro de Nefertari”. Quando
esse item desse o sinal, Gunnar avisaria fielmente à Corann que havia chegado o
momento certo para mais uma tentativa de seu povo de livrar-se da maldição do
chinês Heng, o Primeiro Caçador.
E foi exatamente
o que aconteceu novamente: alguns anos atrás (após muitos outros anos e anos de
espera), o quadro começou a mostrar Angelline.
A cor vermelha
indicava que ela ainda não tinha despertado. E Gunnar imediatamente entrou em
ação, procurando-a pelas redondezas e sentindo-se profundamente satisfeito ao
ver o rosto vivo de Angel mais uma vez, embora, em hipótese alguma, lhe fosse
permitido fazer contato direto com ela.
“Continua a
mesma!...”,
foi seu primeiro pensamento ao vê-la, orgulhoso.
Ela apresentava, no palco da escola, sozinha, a música “Wishing you were Somehow here Again”, do
musical Fantasma da Ópera. Na época ela estava com sete anos; e agora chamava-se Tuuli. Tuuli Styrman.
[Nota da Autora:
Jackie Evancho é uma jovem cantora de ópera, incrível, e que me inspirou a
fazer de Tuuli uma soprano também! :) ]
E era para a
atual residência de Angelline que ele olhava agora, atento. Ela já não era mais uma criança.
Então, depois de
alguns momentos perdido em seus pensamentos, Gunnar pegou o celular: - Corann,
ela já está em casa. O sacrifício já está em minhas mãos, o ritual será feito novamente
e o Manto agirá sobre a cidade esta
noite. Mais uma vez. – Gunnar era do tipo que gostava de ver resultados logo!
Já tinha feito esse mesmo procedimento tantas outras vezes, sem conseguir o
retorno que tanto queria... O que ele não daria para encontrar uma maneira
rápida e eficiente de despertar Angelline logo!
- Mantenha-se
atento, Gunnar, para que a atenção dos Caçadores não se volte para vocês. - Corann disse. - Depois de tantos anos, estamos muito mais próximos de nosso objetivo, de novo.
Não precisamos colocar tudo a perder por uma pressa desnecessária. Afinal, o
tempo está do nosso lado, não?
Gunnar sorriu.
Ele amava ter essa vantagem. Os Caçadores podiam ser imunes ao Manto, mas não viviam séculos.
- Eu nunca
desisto. Essa é minha missão. - A voz de Gunnar era rude e forte.
- Então devemos
apenas esperar que o resultado de amanhã nos seja favorável.
E isso era tudo
o que Gunnar desejava: um resultado favorável.
[Continua na próxima segunda! :) ]
Hi, amigo
Simmer! Obrigada por acompanhar essa história!
Tenha uma ótima
semana! :)
Como não tenho
mais nem o TS3 instalado, e como essa história foi escrita há alguns anos, não
sei onde baixei, na época, todos os Sims e CPs (“conteúdos personalizados”)
utilizados. Mas que fique registrado aqui meu agradecimento aos criadores!
Thank to the creators! :D
ADOREI, achei muitoooo diferente da sua outra história! Isso prova ainda mais o quanto você é uma escritora criativa e que consegue trabalhar em diversos temas.
ResponderExcluirConfesso que em certos pontos da história fiquei confuso mas li novamente é entendi Tudo.
Estou curioso para a continuação, e aguardo ansiosamente pela segunda feira! ❤
By: Matheus Maciel
Caramba, Matheuuus!!! Muuuuito obrigada por esse super feedback!!! :D Taverna foi a primeira história que escrevi! E ela é realmente muito diferente da outra! Rs... E devo te confessar que o estilo de Taverna é o meu preferido! :D Espero que você curta os próximos capítulos desta história! E estou muito feliz que você adorou o primeiro!!! Segunda tem mais!!! Obrigada, meu amigo querido! Beijocas! :D
ExcluirCartão de crédito sem limites nas mãos de uma adolescente? Mamis tem coragem!
ResponderExcluir16 anos e já dirije um carro? Não era pra ser só com 18?
Oiii, Tatsu!
ExcluirA idade mínima para dirigir depende das leis de cada país. Nos EUA, é 16; na Noruega, é 17; na Finlândia, é 19; no Brasil, 18. No mundo da minha história, nesse em que Tuuli vive, a idade mínima para dirigir é 16 anos. :)
Sobre o cartão de crédito, releia esta parte:
"Uma das poucas coisas que Tuuli gostava em sua casa era o fato de nunca ter que avisar à mãe quando saía. As únicas regras eram: ela estar em casa até às 23h e não arranjar confusão na rua. E ela sempre seguia isso à risca. Onde estaria, com quem estaria, essas coisas não importavam para a Sr.ª Katriina. Mesmo porque Tuuli tinha seu próprio cartão de crédito sem limites; e que Katriina de vez em quando pedia emprestado para comprar algumas coisas para ela mesma. Assim, era meio que uma troca “não oficializada” verbalmente: Tuuli saía para onde queria e ela usava o cartão da filha quando estava a fim. Se o Sr. Markku Styrman sonhava que isso acontecia? Não fazia nem ideia, claro.".
Fica subentendido que quem mantém o cartão da filha, sem limites, é o pai dela. A mãe de Tuuli não é muito preocupada com ela e apenas se aproveita do cartão da filha (isto é, do dinheiro do ex-marido). Se Tuuli ainda tem o cartão nas mãos ainda, é porque certamente sabe usar. Nem todo adolescente é inconsequente e/ou irresponsável. O comportamento de adolescentes e crianças depende demais da educação que eles recebem em casa, da família.
E obrigada pelo comentário! :D