segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Taverna - 5 - Ação!






Quando um vampiro poderoso possui planos de aumentar seus poderes, alguém precisa pará-lo. Acompanhe a história dos irmãos Styrman e de seu envolvimento com o mundo sobrenatural.


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TAVERNA
Parte 05 – Ação!



Aquele que pergunta pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar será um tolo para o resto da vida”.
Provérbio chinês.


Resumo do capítulo passado: Daniel entrega a flor rara e especial para a Dona Morte e é ressuscitado; ele então consegue fugir do castelo dos Æesires e acaba sendo ajudado pelo Sr. Lucky Perkins, que o abriga quando o garoto confirma que realmente sua família não lembra mais dele (e aparecer agora poderia colocá-los em risco); Nooa conversa com Alessa e Leonardo e diz que eles devem ir até Shang Simla exigir treinamento da Organização Heng; Tuuli participa de uma competição para tentar ficar com uma vaga de vocalista em uma banda projeto de uma estrela do rock internacionalmente famosa, mas não é escolhida; e ela e Hanke começam um namoro; os dois irmãos Styrman conversam; Nooa tem um pressentimento ruim sobre as coisas em Riverview; Tuuli termina seu dia dançando, feliz, alheia ao perigo que se aproxima.



Riverview. Mansão de Savoy.
Sexta-feira. Madrugada.


- Informando à equipe: eu e Martta já estamos em nossas posições, atrás da casa. – Onni falou pelo comunicador, mostrando seus passos em tempo real através de uma minúscula filmadora que carregava consigo. Os dois Caçadores estavam em uma missão de campo (isto é, em área externa) e esperavam o momento certo para agir.





O equipamento de comunicação, padrão durante as missões, era bastante discreto. O microfone era bem pequeno e ficava escondido na roupa. A escuta no ouvido também era muito bem colocada, difícil de ser percebida; seu alcance máximo era excelente e eles podiam usá-la em várias frequências. E como era fabricada por cientistas militares, não era passível de ser rastreada, sofrer escutas ou interferências.
A investigação daquele grupo tinha começado dois dias atrás, quando Onni seguiu um vampiro que acabou entrando (para má sorte da criatura) na mesma boate em que o Caçador estava, no centro da cidade. E através do Inumano de moicano (Petri), aquele grupo de agentes tinha chegado até a antiga Mansão de Savoy, onde descobriram haver ali mais três daquelas criaturas.



- Onni, Martta, confirmem posições dos alvos. – Tarja1 disse, com sua voz calma e suave. Ela estava no quartel-general provisório de seu grupo: uma casa que alugaram relativamente perto da Mansão de Savoy, com Aulis (que estava ao seu lado no computador) e Kaarlo (o ruivo, líder daquela equipe).

1 No nome próprio “Tarja”, o “j” tem som de “i”; então você fala “Tária”.




- O suposto líder do bando está na varanda ainda, olhando para a casa vizinha exatamente como estava fazendo ontem. – Onni disse.
- A tal da Lucianna está jogando xadrez sozinha. – Martta respondeu.
- Preciso que me deem a localização dos outros dois: Tuomas e Petri. Cottoneye está se aproximando. – Tarja, a loira, disse.
- Olha... – Aulis interrompeu a conversa dos três. - A casa que o Inumano tanto olha está no nome de Katriina Filatov. – Então ele deu uma boa colherada no potão de sorvete que estava ao seu lado. – Agora vou varrer a vida dela! Descobrir o que ela faz, quem são os membros de sua família, tudo. – Ele disse, já iniciando sua pesquisa. Era o “especialista em segurança de dados e tecnologias” oficial do grupo e se orgulhava muito disso.
- Então concentra, Aulis! Precisamos dessas informações logo. – O líder Kaarlo (o ruivo) disse, sério.


As informações que eles tinham eram as seguintes: o único Inumano registrado há 60 anos no país era Tuomas Tirlea, que era de Midnight Hollow, um dos países do Terceiro Império. Sua entrada em Riverview havia sido formalizada cinco anos atrás, tudo como o acordo internacional entre o Governo e a Sociedade Fria havia estabelecido. No entanto, agora, por esse grupo de Caçadores ter descoberto que ele está protegendo vampiros ilegais procurados em outros países (caso de Petri Balzer, de Aurora Skies, e Lucianna Costa, de Monte Vista, procurados por assassinatos), Tuomas havia perdido o direito de viver sob a proteção do Governo. Mas ele ainda não tinha sido notificado sobre isso. Mas Hunter Cottoneye estava a caminho para realizar exatamente essa tarefa e aplicar a consequência da quebra de tal cláusula do acordo (e com o maior prazer!).
A única incógnita consistia em saber quem era o vampiro loiro que estava com aquelas criaturas. A foto que Onni havia tirado um dia antes, desse Inumano, havia entrado no sistema de informação da área militar de Riverview, responsável pelo assunto. Eles tinham entrado em contato com Caçadores de outros países também. Mas em nenhum deles havia fotos ou registros daquele ser. E isso os preocupava, pois tinham observado que Tuomas, Lucianna e Petri pareciam até temer aquele Inumano, o que indicava que ele poderia ser um dos Antigos: uma criatura mais velha, mais experiente, mais poderosa e, consequentemente, mais perigosa. Então, inicialmente, a ordem naquela missão era evitar o vampiro desconhecido e conseguir informações sobre ele com Tuomas, antes de abordá-lo.
- Estou me aproximando. – Onni informou.


- Martta, continue cobrindo Onni. – Kaarlo disse.
- Positivo, Ruivo. – Ela respondeu.
E Onni continuou sua furtiva movimentação.


Nesse momento, o silêncio foi geral no QG da equipe. Tarja chegou mesmo a diminuir totalmente o volume do som que estava ouvindo e Aulis chegou a parar de digitar, acompanhando as imagens da aproximação do amigo. Todos com o coração na mão, temendo que Onni pudesse ser visto ou sentido por alguma das criaturas.
Segundo o acordo, qualquer vampiro registrado seria tratado como um cidadão Sim, a menos que cometesse assassinatos e coisas do gênero, entrasse em um país sem se registrar na Base Militar local, ou se desse qualquer tipo de suporte para Inumanos fora-da-lei. Quebrando essas regras, qualquer uma dessas criaturas poderia ser caçada e eliminada.


- O punk está assistindo TV. – Onni falou baixinho. – Não há sinal do cabeludo. – Ele se referia a Tuomas.


Então o susto! Uma buzina forte, irritante e alta vinda da parte da frente da casa.
Hunter Cottoneye!”, os Caçadores pensaram.
- TUOMAS TIRLEEEEEEEEEEA!!! CADÊ VOCÊ, AMIGÃO? – Hunter já chegou aloprando. – DESCE JÁ AQUI, CARA!!! TÔ SABENDO QUE VOCÊ ESTÁ COM VISITAS AÍ NA CASA!!! – Era a maneira de ele dizer que já sabia dos outros Inumanos e que Tuomas estava com problemas.



Maldito Cottoneye!”, Tuomas, que estava em um dos quartos, lendo um livro, levantou-se irritado ao ouvir e reconhecer a voz. Desceu furioso, controlando os instintos para não despedaçar o chefe dos Caçadores de Riverview.



- Equipe, Tuomas acaba de descer as escadas. – Martta comunicou.



- Beleza, Martta. Agora fique de olho no vampiro loiro. – Disse Kaarlo.


- Positivo. – Martta respondeu e correu para um local onde pudesse vê-lo mais claramente e de forma segura.
- Petri e Lucianna estão observando Hunter pela janela. – Disse Onni.


- Estou vendo o líder deles. Continua na varanda. – Martta disse.


- Precisamos saber mais sobre esse vampiro loiro. Vamos identificá-lo como “Vampiro Alpha” a partir de agora, pessoal. – Tarja falou, séria e preocupada. – Se ele for muito antigo, até Cottoneye, que é super experiente, está em perigo.


Mas o que nenhum deles sabia era que Gunnar, o líder daqueles Æesires, estava com a mente completamente voltada para a casa de Tuuli, onde ele sentia que havia algo errado. Caso contrário, ele já teria dado algum tipo de importância mínima à aproximação inimiga.








Simultaneamente aos acontecimentos na Mansão de Savoy, o casal Filatov chegava de mais uma farra. E, para variar, completamente bêbados. Ligaram o som bem alto. Riam, falavam bobagens, se agarravam, se desequilibravam de tão tontos que estavam e, principalmente, dançavam e cantavam. E cantavam alto e mal, muito mal, da maneira mais desafinada e estridente possível.


Aqueles dois não se importavam nem com Tuuli, que agora dormia, nem com a vizinhança. A única coisa que consideravam era sua própria diversão.



- Mon chuchu! – Disse Katriina, zonzinha por causa da quantidade absurda de álcool ingerida. – Vou tomar meu banho e te esperar em nossa caminha quentinha, tá bom? – Falou, enchendo-o de beijinhos.
- Eu vou adiantar e tomar um banho no outro banheiro, tá?
- Não demora... – Ela sorriu, saindo e olhando-o.
- Vou o mais rapidinho possível! – Ele disse, com a voz grogue. – Vou em um minuto e volto no outro!


Mas o que ninguém poderia imaginar era que o bêbado Rikhard tinha outros planos para aquela noite. E, por isso, ele demorou bastante em seu banho.



Já Katriina, quando saiu da banheira e se vestiu, foi direto para a cama, esperar pelo marido.




Um bom tempo depois,...

Será que Katriina já está dormindo?...”, Rikhard pensou, indo até o quarto deles na pontinha dos pés, para não acordar a esposa, torcendo para que ela já tivesse caído no sono. Cada passo era dado com muito cuidado e atenção, pois ele ainda estava vendo as coisas meio dobradas devido à quantidade de bebida que tinha tomado.



E, ao mesmo tempo, sua consciência brigava com ele. Sua mente ralhando-lhe pela ideia completamente criminosa, nojenta e insensata. Mas ainda assim, ainda sabendo que o que estava prestes a fazer era algo horrendo, Rikhard decidiu seguir o caminho errado. Assim, com um balançar de cabeça, que o deixou tonto por alguns minutos, jogou todos os pensamentos que ainda o repreendiam de lado e continuou com seu plano.


A esposa dele dormia. Então ele desligou a luz do quarto deles e saiu dali. Seu destino era outro aposento.






- O que quer, Cottoneye? Não tem o direito de chegar a minha casa assim e...


- Cala a boca, Tuomas. Vim pegar teus amiguinhos procurados!


- Eles chegaram há pouco. Ainda iriam se registrar!
- Tarde demais para registrá-los, meu amigo. - Cottoneye caminhou na direção da mansão.


- E quando entrarmos, acho bom não me atacar pelas costas, ou sua morte será lenta e dolorosa, vampiro.
Tuomas cerrou os dentes, com ódio daquele Caçador petulante. Chamar um Æsir de “vampiro” era considerado, por eles, uma ofensa grave.


- Ele está entrando, Lucianna. Por que não matar o Caçador? – Petri perguntou para ela, indignado com o comportamento de Cottoneye.


- Matá-lo seria uma boa, se ele não fosse “o cara” daqui deste país.


- Então vamos cair fora! – Petri correu para a janela.
- Espera, Petri!!! Juntos nossas chances de fugir são maiores!!!
A verdade era que Lucianna sabia da força física que Petri tinha. E em uma briga, ela provavelmente perderia. Então, precisava da proteção dele, já que os poderes de Inumanos não funcionavam nos Caçadores, nos Despertos; portanto, seus poderes de controle metal eram inúteis contra aqueles agentes.


- Estão vindo para cá! – Foi a única coisa que Onni teve tempo de dizer, ao perceber que eles sairiam pela janela de onde ele os observava.
- O líder continua na varanda! – Martta falou rápido.


- Onni, siga os dois de longe! Não ataque! Isso é uma ordem!!! – Kaarlo falava já alterado, visto que conhecia os ímpetos heroicos do rapaz.
No QG, Tarja mal respirava, tensa. Aulis já tinha detonado o pote inteiro de sorvete, de tão nervoso. E Kaarlo não passava um minuto sequer sem exteriorizar sua preocupação através de palavrões compreendidos apenas por quem falasse um dialeto específico de Twinbrook (propositalmente, para que ninguém ali entendesse, já que todos do grupo prezavam muito a boa educação e o bom linguajar).


Petri e Lucianna saíram tão rápido que não viram Onni, que estava discretamente encostado à parede. Lucianna, metódica até em uma situação desesperadora como aquela, chegou até mesmo a fechar a janela com um empurrão de sua mão, mas sem olhar para trás.



E, na varanda, ainda concentrado, Gunnar sentia o cheiro. O cheiro característico de um predador, o cheiro do tipo de homem que até mesmo ele, um Æesir (considerado por tantos um assassino cruel, sem coração), odiava e não tolerava.


Ele sabia de tudo que estava acontecendo naquele momento ali na Mansão de Savoy. Mas isso não lhe importava. Preocupações com outros Æesires não era algo que ele possuía. Um Æesir que fosse morto por quem quer que fosse, em sua opinião, não merecia mesmo estar “vivo”. E contanto que nenhum Caçador se colocasse em seu caminho, Gunnar os ignorava. Sua preocupação única naquele momento era identificar onde estava a criatura possuidora daquele cheiro nojento e perigoso. No fundo, sabia de onde vinha, mas nem ele mesmo queria admitir um horror como aquele. Foi então que olhou para a casa da família Filatov. A casa onde estava sua protegida. E, após fechar seus olhos e concentrar-se, finalmente pôde compreender o que estava para acontecer.


Assim, reuniu toda a energia que tinha e usou uma das magias mais úteis e poderosas que conhecia, desaparecendo dali.





Pouco antes,...

Rikhard, bêbado, caminhou novamente na pontinha dos pés, meio que se desequilibrando ainda, em direção ao quarto da filha caçula do Sr. Styrman.











- Nossa! O líder deles acabou de sumir na minha frente! – Martta disse, chocada.


- Sumiu? – Onni então sorriu. – Pois eu vou atacaaaaaaaar!!!


- Não, Onni!!! Pode ser uma armadilha! – Kaarlo falou pelo comunicador.



Mas já era tarde. Onni já tinha corrido para cima dos dois vampiros que fugiam.


E Martta não pensou duas vezes e também correu na direção de Onni. Não deixaria o amigo sozinho na luta.


- HEYYYY, VAMPIROZINHOS!!! SEUS COVARDES!!!!! VENHAM LUTAR!!! – Onni gritou, esperando que eles fossem estúpidos o suficiente para subestimá-lo.


E as palavras dele chegaram como se pedras tivessem sido arremessadas na cabeça de Petri, que se voltou para o Caçador, sedento por sangue, enquanto Lucianna lhe dizia: - Não pare!!!


Mas diante da fúria de Petri, o poder de persuasão de Lucianna não funcionava; então ela se viu obrigada a parar também e a lutar, pois achava que pior seria tentar fugir sozinha. Imaginava que mais Caçadores poderiam estar por perto.
- Se quiser, corra, mulher. – Petri disse para ela. E gritou para Onni: - ME CHAMOU DE “VAMPIRO”, CAÇADOR? – Petri já havia eliminado Caçadores antes. O que ele não sabia era que aqueles que tinham caído a seus pés antes eram todos Caçadores inexperientes, ao contrário daquele que estava a sua frente.
- SIM, “VAM-PI-RO”! – Onni repetiu.


- Farei você engolir cada palavra que disse, Rebelde. – Petri praticamente rosnou, indo para cima de Onni para atacá-lo.
Lucianna correu para perto também. Ajudando Petri, ela pensava, se livrariam mais rápido daquele incômodo. O que ela não contava era que Martta a atacaria assim que ela se aproximasse mais.



Os Caçadores eram os únicos que conseguiam matar com seus próprios punhos (e com seus chutes) as criaturas sobrenaturais. Um golpe certeiro, específico, preferencialmente treinado por algum tempo, poderia fazer com que toda a energia vital especial, que mantinha um Æesir vivo, se dissipasse do corpo da criatura, eliminando-a.


E foi exatamente esse golpe que Onni e Martta conseguiram aplicar naqueles dois, o que fez com que ambas as criaturas caíssem no chão. A pele deles se despedaçando, esfarelando-se, até que sumiram, para todo sempre.






- Equipe, atenção: Lucianna e Petri viraram lenda. – Martta disse, sorrindo, querendo dizer que os dois Inumanos já não “viviam” mais.


No QG, a equipe comemorava, embora ainda ouvissem os sons da luta que ainda ocorria naquele momento dentro da Mansão de Savoy, entre Cottoneye e Tuomas Tirlea.
- Martta, realize o cântico-ritual para que esses dois não possam nunca mais ser trazidos de volta. – Kaarlo ordenou, como líder do grupo. – Onni, suba e procure o quarto do chefe deles. Vasculhe tudo por lá.


- Ok. – Os dois responderam ao mesmo tempo.
Martta iniciou a canção mágica dos Caçadores. Onni correu para subir pela varanda, onde Gunnar encontrava-se minutos antes.

No QG, naquele mesmo momento,...

- Kaarlo, aqui está tudo que achei sobre Katriina Filatov. – Aulis disse.
- Desembucha para todos. – Kaarlo deu a ordem.
Aulis começou então a falar, todos ouvindo pelos comunicadores (até mesmo Cottoneye, que naquele momento batia em Tuomas): - Seguinte, pessoal: a dona da casa, Katriina, mora com o atual marido: Rikhard Filatov. E também com a filha: Tuuli Styrman. – Ele falava e ia mostrando no notebook as fotos que achou de todos os investigados.
- Styrman? Eu me lembro desse nome... – Kaarlo disse.
Tarja ficou calada, séria, olhando para os dois e querendo acreditar que não se tratava da família de um Styrman que ela conhecia.
- Bem, Styrman é o sobrenome do ex-marido dela: Markus Styrman. – Mostrou a foto dele. - Ele é um empresário bem famoso, um bilionário. – Aulis disse.
- Mais alguma informação? – Kaarlo perguntou.
- Ela também tem outro filho, mas não mora com ela. – Aulis respondeu. - O nome dele é Nooa. Nooa Styrman. Não achei fotos dele. Achei da menina em um evento beneficente em que ela esteve presente com a mãe e o padrasto dois anos atrás. E só.


- Eu conheço o Nooa. – Tarja disse. – Quer dizer, nunca mais o vi. Ele foi morar em Sunset.
- Bem,... – Kaarlo falou: - Precisamos então saber mais sobre esse Nooa Styrman e sobre Rikhard Filatov. Talvez esses vampiros queiram algo com um dos dois.
- Ok. É pra já! – Uelis disse, voltando ao trabalho.
- Hunter, Hunter, responda. Como estão as coisas aí? – Tarja perguntou.
- Estão ótimas!!! Melhores não poderiam estar!!! Esse miserável vai apanhar muito ainda antes de ser eliminado por mim!!! – Cottoneye batia em Tuomas. – LEVANTA, VAMPIRO!!!


- VOCÊ DISSE QUE ME POUPARIA SE EU CONTASSE TUDO!!! – Tuomas gritava.
- MEU DETECTOR INSTINTIVO DE MENTIRAS ME DIZ QUE VOCÊ NÃO ME FALOU NENHUMA VERDADE!
- NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!!! SOU REGISTRADO!!!
- PARA MINHA SORTE, VOCÊ SAIU DA LINHA. E SAIR DA LINHA É MOTIVO PARA SER MORTO, VAMPIRO! – Cottoneye ria descontroladamente. Era completamente insano! Mas em uma coisa ele estava certo: Tuomas não havia dito verdade alguma sobre os objetivos de Gunnar em Riverview.
- NÃO PODE ME MATAR!!! – Tuomas estava perdendo a energia. Os golpes que Hunter lhe dava eram letais.
- PARE DE CHORAMINGAR! LEVANTE E LUTE FEITO UM HOMEM!!!






Gunnar materializou-se na porta do quarto de Tuuli.
O som dentro da casa estava ensurdecedor.



Mas ele conseguia ouvir bem os gritos da menina, que tentava afastar Rikhard.



Então o viking bateu forte na porta do quarto, desligando, com seus poderes, as luzes de toda a casa e o som da sala. PÁ, PÁ, PÁ, PÁ, PÁ!



Rikhard quase enfartou ao ouvir as batidas na porta.


E antes de Tuuli pensar em gritar, ele pegou o rosto dela com força e falou, antes de empurrá-la: - Como eu não encostei em você, não aconteceu nada! Então nem pense em abrir a boca ou mato sua mãe!




E a verdade era que ele estava apavorado.
- Katrii...? – Rikhard perguntou, com um fio de voz. – É você, meu anjo?...
- Não. Não sou seu “anjo”. – Gunnar disse, enquanto via o rosto de pavor de Rikhard ao vê-lo atravessando a porta. – Eu sou seu pesadelo.


E Tuuli, chocada, apagou.
- Agora a “conversa” é apenas entre nós dois, desgraçado! – Gunnar disse para ele, ameaçadoramente.





Diante do homem paralisado de medo, Gunnar pegou Tuuli nos braços e a colocou na cama. Deixou a garota lá e foi cuidar de suas prioridades naquele momento: os Filatov. Levou Rikhard para o quarto dele, acordando Katriina. A única coisa que Gunnar não gostou foi o fato de não ter tido o tempo que gostaria para se dedicar aos dois de maneira apropriada, mas soube utilizar bem os poucos minutos disponíveis.
Depois voltou para o quarto de Tuuli, onde a menina já estava acordada, mas ainda deitada, em estado de choque.
- Sei que me ouve. É a única que sempre me ouviu. – Ele disse para ela.
Ela continuava tremendo, muda, sem reação.
- Angelline, sou eu: Gunnar...


- Gunnar?... – Ela balbuciou. E a alma da garota libertou-se, embora por pouco tempo, assim como a dele.




- Angel, eu vim atrás de você, como prometi.



- Você veio... Mesmo depois de tudo que eu fiz... – Ela abaixou a cabeça, entristecida.
- Não vim para acusá-la, não vim para condená-la. Vim porque ainda acredito em você, vim porque nunca deixaria de esperar pelo seu momento de fazer a coisa certa, como nunca deixei de esperar durante todos esses séculos.
- Então Rhaluk2, o portal vivo, é seu motivo, Anders...

2 Rhaluk é o portal-vivo que só pode ser aberto por uma única Æesir: Tuuli.


- Não apenas Rhaluk. - Ele sorriu.
E ela se deu conta do nome pelo qual o havia chamado.
- Você se lembra,... – Ele sentia-se verdadeiramente feliz após tantos séculos. – Nós vivemos muitas vidas, Angel... Em uma delas, eu era Gunnar e você era a menina Henrike; em outra, eu era Anders e você era Angelline...
Henrike de Anders”. Ela lembrou-se dos nomes escritos na lápide: - Aqueles nomes no túmulo... Eles não faziam sentido... Eu não sabia o porquê, mas eu, sendo Tuuli, me senti confusa... Henrike e Anders viveram em épocas muito diferentes...
- Eu escrevi aqueles nomes ali em um momento de solidão. E eu nunca achei que você visitaria o cemitério e leria aquilo. Além disso, Henrike e Anders não se conheceram, é verdade, mas eu, vivendo como Gunnar, era da época de Henrike e, vivendo como Anders, era da época de Angelline... Então, qual a importância dos nomes quando são os espíritos imortais que importam? Sempre estivemos perto um do outro...
- Sim... Eu lembro... Os Æesires podem trocar seus corpos, suas “cascas”.


- Sim, nós podemos. Como Æesires, vivemos bastante, muitos anos, até o momento em que precisamos “trocar nossos corpos”. A cada substituição dessas, os Æesires mantém suas lembranças sempre, mas não a Æesir sacerdotisa, aquela que pode abrir o portal vivo... A nossa sacerdotisa não “troca de corpos”. Ela reencarna como uma Sim comum, vive como um deles até o dia em que “acorda”. E, diferente de todos nós, você é fisicamente como os Sims normais e não precisa se alimentar de sangue, como o resto de nós...
 - Eu sou a ponte entre vocês e os Sims normais... – Ela o olhou. - E foi por isso que, como Henrike e como Angelline, eu traí repetidamente nosso povo ao decidir não abrir o portal quando pude fazê-lo. Vocês queriam dominar os Sims comuns; eu acreditava que vocês deveriam protegê-los. – Ela disse, sentindo-se bem sem graça ao dizer isso para ele.
- O passado é passado. E você não é ponte alguma entre nós e o povo fraco. – Ele falou, sério. – E eu sei que dessa vez você vai se lembrar disso.
- Eu sinto muito pela dor que lhe causei devido às escolhas que fiz e de como elas recaíram sobre você, Gunnar... – Ela foi para os braços dele, que a abraçou forte.



- Você sabe que Rhaluk não é o único motivo de eu estar aqui agora, Angel.






Mansão de Savoy.

O trio já havia eliminado todos os três vampiros que encontraram no local. O último a ser morto, Tuomas, foi o que mais sofreu, já que ficou nas mãos de Hunter Cottoneye3, o líder dos Caçadores de Riverview, um homem conhecido por não se dar bem com os outros Sims, sempre tão disposto a brigar quanto a dar um aperto de mão.

3 Hunter é um Sim que você encontra, no jogo, em Riverview.



As únicas coisas sobre Hunter, que eram de conhecimento comum, eram os seguintes fatos: ele amava pescar, preferia estar sozinho a acompanhado, era extremamente neurótico, adorava uma boa briga, sua fama era de que tinha um parafuso a menos e era o dono do antigo “Bar de Sucos Poça d’Água”, na Alameda da Ponte, 160, cujo nome foi a primeira coisa que ele mudou ao comprar o estabelecimento. Agora o local se chamava “Taverna” e era uma das principais bases dos Caçadores locais. Fora isso, só havia especulações sobre seu passado. No entanto, os militares daquele país sabiam exatamente quem era Hunter: Cottoneye era um dos maiores Caçadores de Riverview! Por isso havia sido escolhido para chefiar as equipes iniciantes e coordenar as experientes.
E a verdade era que não era necessário muito para ter a ajuda de Hunter. Se houvesse um Inumano na história, lá estaria ele para caçá-lo. Fazia isso com prazer, com uma devoção que beirava o fanatismo.


O fato era que Hunter acreditava que todos deveriam se preparar militarmente, pois o futuro era incerto, perigoso. Principalmente com tantas criaturas sobrenaturais à espreita. Por isso ele havia escolhido viver no subterrâneo, cercado por concreto e cercas de ferro. Ele sentia-se entrincheirado e preparado para o fim do mundo em sua base particular. E quando ele saía de sua fortaleza protegida, quando não era para pescar ou trabalhar em seu bar, era para eliminar criaturas.
E naquele dia, Hunter estava muito feliz. “Três monstros a menos no mundo!”, ele pensava, comemorando interiormente. Então assistiu o corpo de Tuomas se deteriorar e se desfazer. Cantou baixinho, animado, o cântico mágico chinês que faria Tuomas nunca mais poder retornar; e depois foi ajudar Onni e Martta a achar pistas que pudessem levá-los ao objetivo do “Vampiro Alpha”, como passaram a chamar Gunnar, já que não sabiam seu nome.



- Equipe,... – Uelis falou para Hunter, Onni e Martta pelo ponto. – Acabamos de receber novas informações da Base Militar Forte Salas. Estão mandando um grupo de militares para vasculhar a mansão. Vocês devem deixar o local e ir agora mesmo averiguar a casa vizinha. Pelo nosso relatório da missão até agora, em tempo real, a base suspeita que a vida de três civis esteja em perigo: Rikhard Filatov, Katriina Filatov e uma adolescente de nome Tuuli Styrman.


- Positivo, Uelis. – Martta olhou para os outros dois. – Acho melhor nos apressarmos, meninos.


- O “Vampiro Alpha” está lá, Uelis? – Hunter perguntou.
- É no que eles acreditam. – Ele respondeu.


- Vocês precisam ir para lá imediatamente. – Tarja disse.


- Ei, notaram algo? A música alta que vinha da casa vizinha não está mais tocando... – Onni falou enquanto eles corriam para a residência dos Filatov.
- É verdade... – Martta atentou para o detalhe. – Parou pouco depois do vampirão líder sumir da varanda.
- Então acelerem! Boa coisa não deve estar acontecendo por lá! – Hunter disse, enquanto eles corriam pelos fundos da casa para não chamar atenção. Mas a verdade era que, no fundo, todos eles já temiam o pior.








Enquanto isso, no QG, o ruivo Kaarlo, a loira Tarja e Aulis, o “especialista em segurança de dados e tecnologias”, conversavam.
- Kaarlo, o representante militar dos Caçadores de Sunset já foi contatado? – Tarja estava preocupada com Nooa. Àquela altura, eles já tinham confirmado que o Styrman também fazia parte da organização internacional deles.
- Mauno me passou a informação de que Katriina Filatov é mesmo a mãe desse Caçador, o Nooa Styrman, e ele me disse que esperariam o relatório de Hunter, Onni e Martta sobre o que houve na residência dela. Nossos militares querem primeiro saber exatamente o que aconteceu para depois falar com o representante dos Caçadores de Sunset Valley, o João Victor. Sabe como é, dar certeza de que os Filatov estão bem, ou dar a má notícia sobre a família do Styrman. – Kaarlo disse.


- E se os Filatov estiverem bem? – Aulis perguntou.
- Se eles estiverem bem, serão levados para a base até segunda ordem. – Kaarlo estava sério.
- Sabe o que eu acho estranho? – Tarja olhou para os dois amigos. – Tive acesso à ficha de Nooa. Ele ainda é um Taverneiro4... O que um Taverneiro teria feito de tão grave para que um vampiro desses tenha vindo atrás da família dele?

4 Caçadores já treinados pela Organização Heng chamam os não treinados de “Taverneiros”.

- Ainda não sabemos se algo aconteceu com a família dele, Tarja. Mas o Taverneiro Styrman agiu recentemente como representante oficial dos Caçadores em Sunset, foi o que Mauno me disse. A missão mais recente dele foi se reunir com Ichiro Nakamura, o representante da Sociedade Fria de lá. Talvez ele os tenha irritado de algum modo. – Kaarlo estava extremamente preocupado.
- Kaarlo, um Inumano que se teletransporta... Estamos falando de uma criatura desse nível. – Tarja disse. - Ele não estava olhando de graça para a residência dos Filatov.


E os três silenciaram diante daquela verdade. Agora a única opção deles era aguardar as informações que Hunter, Onni e Martta lhes passariam.





- Eu preciso que me escute, Angel, pois tenho que sair daqui agora.
- Não, Gunnar, não me deixe sozinha de novo! – Angelline o olhou, aflita.
- Me escute! Eu nunca te deixei sozinha e nunca deixarei! Mas agora que você lembrou, agora que despertou, precisa forçar sua memória, despertar seus poderes. Você retornou, Angel. Temos uma nova chance. Mas você sabe o que isso significa...


- Me preparar para abrir o Portal... – Ela disse, com pesar.
- No fundo todos duvidam de sua capacidade. Acham que vai falhar novamente. Alguns chegaram a cogitar a ideia de mantê-la na Sociedade Fria e impedi-la de andar com eles, com os Sims “normais”.
- Se eu não tivesse “andado com eles”, como os Æesires me acusam, eu nunca teria aprendido nada do que aprendi em minhas outras vidas.
- Mas nunca teria optado por manter o Portal fechado quando pôde abri-lo, Angel.


Ela ficou em silêncio.
- Ao contrário dos outros de nossa espécie, eu lhe entendo. Sempre lhe entendi. – Ele disse. – Mas você precisa escolher seu lado, Angel. Estou cansando de vagar por este mundo à espera que você faça a coisa certa. – Ele suspirou.
- Não, Gunnar, por favor, não fique assim...



- Então me diga, me prometa que dessa vez você abrirá o portal. Todo seu povo depende disso. Somos Caçados como animais por esses monstros chamados “Sims normais”!
- Eu... Eu... Eu prometo.


- Lembre que é a única Æesir que pode tocar em Rhaluk sem ser desintegrada.
- O que preciso fazer? – Ela perguntou, disposta a qualquer sacrifício para não vê-lo sem esperanças.
- Esperar. Na hora certa você virá novamente até mim. Teremos que ir com calma e por partes desta vez, nesta vida.
- Isso porque vocês não confiam mais em mim, não é?
- Eu confio em você. Mas se eu quebrar essa regra imposta pela Sociedade Fria e por Corann, você bem sabe o que pode acontecer comigo. E aí, quem falaria em seu nome, quem lhe protegeria em nossa própria sociedade?... Sabe que os Æesires não lhe destruíram porque você é única, apesar de tudo que já fez. Mas eles certamente saberiam ser criativos para puni-la.


- É que eu não queria machucar os Sims comuns...
- Angel, eles nos caçam. Lembre-se disso. Nenhum deles hesitaria em matá-la se descobrisse sua ligação conosco.
Ela silenciou. Sabia que era verdade. E ele mudou de assunto:
- Os Rebeldes fotografaram esse corpo e não posso ser capturado por eles. Terei que trocar de carcaça novamente.


- Quando o verei de novo?
- Breve. Mas agora devo ir. Os Rebeldes já estão na casa.
Ela abaixou o rosto, triste.


E então ele disse:
- Angel,... Um dia nós poderemos estar juntos novamente. Isso só depende de você. Só depende de você...






Ainda na parte de trás da casa, Hunter, Onni e Martta se depararam com uma visão aterradora: o corpo de Rikhard. Completamente despedaçado e espalhado por todo o jardim. E dentro da casa, eles encontraram o corpo estripado de Katriina na cama do casal. Então foram atrás de achar a adolescente.
Encontraram a garota em seu quarto. Ela continuava deitada, de olhos bem abertos e em estado de choque. O corpo dela tremia e Onni constatou que ela estava com febre alta.



Então os três relataram toda a situação para seu grupo.
Uma ambulância militar levou Tuuli para a enfermaria da base militar da cidade. E depois militares foram mandados à residência da menina, para os procedimentos investigativos.
O que todos imaginavam era que, sendo ela uma “Sim comum”, se tivesse visto qualquer coisa sobrenatural, sua mente não aceitaria os fatos e a verdade seria encoberta pelo “véu”. Provavelmente ela acharia que um psicopata invadiu a casa e assassinou sua mãe e padrasto. Mas o que eles não sabiam era que tinham diante deles uma Desperta. Mas uma Desperta/Æesir muito especial, pois Tuuli era a chave para os Æesires retomarem, novamente, seu controle sobre todo o Mundo Sim.


[Continua na próxima segunda.]
[E fique atento na imagem e informações abaixo; e caso você seja vítima de violência, não pense duas vezes: procure ajuda! Não se cale! ]






Hi, amigo Simmer! Obrigada por acompanhar essa história!
Tenha uma ótima semana! :)


Como não tenho mais nem o TS3 instalado, e como essa história foi escrita há alguns anos, não sei onde baixei, na época, todos os Sims e CPs (“conteúdos personalizados”) utilizados. Mas que fique registrado aqui meu agradecimento aos criadores! Thank to the creators! :D




6 comentários:

  1. SOCORRO MELJOR CAPÍTULO DO SERIE (até agora)!
    Desde do primeiro capítulo as cenas com a Tuuli eram minhas favoritas, superando ate cenas de ação (olha q eu gosto muito de cenas de ação), e agora só ta melhorando!
    Eu amei de mais essa cena do Gunnar e da Angel. Definitivamente eles são meus favoritos da história!
    E eu amei o final do Rikhard e da katriina kkkk

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    1. Caraaaamba, Leo!!! Que máximoooooooo!!! Fico muito feliz com sua impressão sobre esse capítulo!!! Muito, muito obrigada!!! \o/ :D

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  2. Vou ser muito má se disser que não fiquei com pena do fim da mãe e padrasto de Tuuli?

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    1. Huhauhuahuhauhuahuhaua... Nem um pouco, Andrea!!! Rs... xD Posso entender isso perfeitamente! xD Obrigada pelo comentário! Beijocas!!! :D

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  3. Melhor capítulo até onde li. Deu pra saber bem os objetivos do Gunnar.

    Coitada da Tuuli. Gunnar detonou até a mãe dela que é inocente nessa história.

    Obs: Do padrasto dela não tive pena.

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    1. Oiiiieee, Tatsu! :)
      Coitada mesmo da Tuuli, né? Também não tive pena do padrasto dela. E sim. Sobrou até para a mãe dela.
      Gunnar acabou com os dois.
      Obrigada pelo comentário! :)

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