Taverna - 6 - Fortes Emoções

Quando um vampiro poderoso possui planos de aumentar seus poderes, alguém precisa pará-lo. Acompanhe a história dos irmãos Styrman e de seu envolvimento com o mundo sobrenatural.

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TAVERNA

Parte 06 – Fortes Emoções

ATENÇÃO: como explicado na apresentação da série, no Capítulo 1, o Sim que faz o Nooa foi substituído, a partir desta parte da história, por outro Sim (mesmo personagem, Sims diferentes; só não me lembro do motivo); então não se assustem com a nova aparência dele. Por razões que não sei explicar, na época (infelizmente) optei por não criar uma explanação para essa brutal modificação dentro da história – tipo “ele sofreu um acidente e passou por uma drástica cirurgia plástica” ou algo do tipo. Mas, apesar disso, espero que curtam mais esse capítulo, que é o mais longo desta história.

“Aquele que pergunta pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar será um tolo para o resto da vida”.

Provérbio chinês.

Resumo do capítulo passado: O grupo de Kaarlo (Tarja, Onni, Martta e Aulis) e Hunter Cottoneye invadem a Mansão de Savoy e eliminam três vampiros (Tuomas, Lucianna e Petri); O casal Filatov é assassinado por Gunnar e ele (na forma de uma de suas identidades anteriores: Anders) consegue se comunicar com o espírito de Tuuli (na sua forma de Angelline); Tuuli é levada para a base militar da cidade.

Riverview, na Mansão de Savoy...

Tuuli foi tirada de sua casa e levada à enfermaria da Base Militar Forte Salas. A garota estava em estado de choque. Nesse tempo, um grupo de militares iniciou os procedimentos investigativos, tanto na residência dos Filatov quanto na mansão onde estavam os Inumanos.

A madrugada foi trabalhosa, mas bastante produtiva. Ao amanhecer, todo o grupo de Kaarlo se encontrava na cozinha da mansão, com Hunter Cottoneye. Eles discutiam sobre as informações que tinham conseguido.

- Ok. Vamos resumir o que já descobrimos nessa madrugada. – Hunter disse para eles, enquanto falava com alguém no celular.

- Beleza. – Aulis, o barbudo, disse, sério, analisando toda a informação na tela de seu note. – O pessoal da casa ao lado tinha ligação com Nooa Styrman, que está na Organização, mas ainda é um Taverneiro¹. No entanto, ele trabalhou como contato nosso com o representante de Corann em Sunset. Então, a hipótese é: alguma coisa esse Nooa fez que irritou as criaturas. Então o ataque foi para atingi-lo.

¹ Um Caçador ainda não treinado em Shang Simla pela Organização Heng.

- A mãe dele e o padrasto são as vítimas da casa ao lado. Mas o vampiro supostamente “antigo”, e não cadastrado, por motivos desconhecidos poupou a vida da garota. – Tarja disse, séria.

- Acabei de ler o material que vocês pegaram do colégio onde a garota estuda. - Martta falou. – Ela foi para a psicóloga da escola esses dias, relatando o sumiço de um adolescente chamado Daniel Wang. Mas adivinhem? Ninguém sabe quem é o garoto. No entanto, ele consta no Cadastro de Civis que temos na base dos Caçadores. Logo, Daniel é uma vítima dos Inumanos, mais precisamente do “Manto”, o poder dessas criaturas que faz com que suas vítimas sejam esquecidas por todos, menos pelos “Despertos”, ou seja, por pessoas como nós. E, se Tuuli se lembrou do garoto, ela é uma Desperta.

- Mas nenhum Inumano consegue identificar Despertos e Caçadores. O vampiro que atacou a garota não tinha como saber que ela é uma Desperta, certo?... – O ruivo Kaarlo perguntou para seu grupo, com uma fisionomia preocupada.

- Teoricamente, não. Mas vocês viram os vídeos gravados, certo? Ele se teletransportou. É um Antigo. Então vai saber o que ele sabe ou não!  – Aulis disse.

- Se ela é uma Desperta, é uma de nós. Precisamos protegê-la. – Kaarlo falou, com convicção.

- Precisamos conversar com a garota assim que ela tiver condições de fazer isso. – Onni disse. – Mas acredito que possa demorar um pouco para obtermos todas as respostas que desejamos...

- Não há demora quando temos Rome do nosso lado. – Hunter sorriu, no celular.

- Quem é Rome?... – Onni perguntou, curioso.

- É uma vidente que mora em Barnacle Bay: Rose Rome. – Hunter disse. – Uma das nossas, mas que Despertou para o lado da feitiçaria branca. Talvez ela possa nos fornecer as respostas que procuramos.

Em Barnacle Bay, na casa de Rose Rome, enquanto acontecia a reunião de Hunter e do grupo de Kaarlo na Mansão de Savoy,...

Rose é uma figura extravagante, mas misteriosa, que se esconde em uma das partes mais isoladas da ilha de Barnacle Bay. Alguns dizem que ela tem o poder de ver o futuro na vida das pessoas. Muitos dizem que ela vasculha o lixo dos outros à noite². O que poucos sabem, é que ela é uma bruxa à serviço da organização de Caçadores Heng.

² Descrição da personagem no próprio jogo. Você encontra Rose Rome em Barnacle Bay.

Naquela manhã, Rome estava, como de costume, lendo sua bola de cristal para uma das residentes da ilha; o nome da cliente da vez era Luisa Libros.

- Ok. E agora, quero saber sobre minha vida amorosa. O que você vê aí?...

- Calma, querida,... – Rose tentava enxergar o que a garota queria. - Não é assim tão fácil... Já houve uma época em que os poderes de uma velha cigana eram muito mais fortes, mas os tempos mudaram, as portas foram fechadas... No entanto, já estou conseguindo ver algo agora,... Eu vejo,... Eu vejo... - Rose dizia, concentrada. – Eu vejo um homem em seu caminho... Ele é imponente, poderoso,...

- Finalmente uma boa notícia! – Luisa abriu um largo sorriso.

- Espere, querida! – A cigana fez cara de preocupada.

- Ah, não! Não vá me dizer que ele é casado!

- Este homem... Está envolto por... Oh, pelo Grande Sim! – Rose assustou-se. – Luisa, pegue suas coisas e saia de sua casa hoje mesmo! Ainda há esperanças para você!

- M-m-mas por quê? – A garota assustou-se.

- Um grande mal se aproxima de Barnacle Bay. Um mal antigo. E se não sair da ilha hoje mesmo, temo pelo que possa lhe acontecer, querida...

- Aff, Rose! – Luisa levantou-se da cadeira, indignada. – Isso e lá coisa que se diga, mulher?

- Luisa,... Eu nunca vi tão claramente! Isso é um aviso. Devemos partir. Todos!

- Rose, desculpa, mas não curti muito essas coisas que tu me disse não, tá?... Eu não deveria ter vindo aqui hoje. Tome. Aqui está seu dinheiro. – A garota colocou a quantia de Simoleons sobre a mesa, educadamente, e saiu dali. Obviamente estava assustada. E isso não era algo que ela esperava em uma sessão daquelas, que imaginava que fosse ser algo divertido.

E Rose apenas suspirou, vendo-a sair.

Depois entrou imediatamente em contato com um de seus amigos Caçadores e lhe contou sobre o que tinha visto: suas visões lhe mostraram um homem de grande poder chegando a Barnacle Bay. Ela só não sabia dizer se era um vampiro ou alguma outra criatura perigosa. E ela também viu um sujeito chamado Akhenaten, que precisava ser encontrado em Al Simhara; esse senhor lidava com importantes artefatos mágicos, que inclusive vendia para Inumanos, e ele possuía o caminho para o fim do grande mal, apesar de Rose não entender o que isso significava.

Quanto a ela, Rose tratou de arrumar todas suas coisas e partiu imediatamente da ilha, antes que a noite caísse.

Ainda em Barnacle Bay, à noite,...

A festa estava bombando na casa onde Luisa morava com as irmãs Caliente. A garota conversava animada e já tinha se esquecido das palavras assustadoras da cigana.

Nina (a ruiva), Dina (a loira) e Luisa divertindo-se, rindo, brincando. Todas alheias ao perigo que as observava de longe.

Mas Gunnar não tinha pressa. Tinha abandonado seu último corpo, que virou pó, pois ele sabia que esse tinha sido filmado pelo grupo de Caçadores que invadiu a Mansão de Savoy atrás de Tuomas. E depois de ter visto Angelline (uma das reencarnações passadas de Tuuli), tinha decidido que assumiria a forma física de Anders. Mas precisava de almas roubadas para ter poder suficiente para voltar como desejava. E, bem, havia um bom número suficiente delas para serem roubadas numa festa próxima ali. E ali, em Barnacle Bay, ele sabia que se existissem dois Caçadores, seria muito. Então ele não seria importunado por algum tempo.

Riverview

Três dias depois do assassinato do casal Filatov.

No antigo “Bar de Sucos Poça d’Água”, atualmente chamado “Taverna”, na Alameda da Ponte, 160,...

- Hey, Nooa³, então é esse o local onde você costumava vir com seus amigos quando era mais novo? – Alessa riu, achando o local meio sem graça por fora, embora já pudessem ouvir som ao vivo de música country lá de dentro.

³ Esse é o novo Sim que representará o Nooa na história.

- Era aqui sim. As tardes eram bastante animadas. Saíamos da escola e vínhamos para cá nos divertir um pouco. – Nooa olhou a frente do local, meio saudoso. E por alguns segundos se arrependeu por ter ido embora e deixado a irmã sozinha com a mãe e o padrasto. Não sentia pela morte dos dois. Na verdade, achava que tinha sido melhor assim.

- Daqui a pouco anoitece. Vamos entrar logo e falar com o tal do proprietário do lugar, ok? O nome dele é Hunter, certo? – Leonardo perguntou.

- Isso. O João Victor disse que, aqui, ele é o responsável pelos Caçadores locais. Passou a ficha dele para meu e-mail. – O jovem suspirou. - E, galera, obrigado por terem decidido vir comigo. Prometo que, após pegarmos minha irmã, iremos até Shang Simla exigir treinamento.

- Nosso grupo tem que estar junto sempre. Não é esse o espírito das equipes? - Alessa sorriu. – Agora vamos nessa!

Assim que entraram, Nooa percebeu como o lugar estava diferente. Por fora, a mesma coisa, mas por dentro, uma grande modificação tinha sido feita, deixando o local muito mais interessante e atrativo.

Um ruivo (Kaarlo) tocava baixo, enquanto uma garota tocava violão e cantava. Pessoas conversavam, dançavam, se divertiam.

Logo Nooa identificou Cottoneye: estava no bar, conversando com uma loira.

- Nooa Styrman acaba de entrar no local. – Cottoneye disse, discreto.

- Tem certeza que vai fazer isso, Hunter?... – Tarja perguntou, séria.

- Absoluta. – Ele disse, confiante.

Kaarlo, enquanto tocava, apenas observava o trio passar e sentar no bar.

- Hey! E aí, Hunter? – Nooa foi logo dizendo, ao sentar. – Sou o Nooa. Vamos conversar aqui mesmo ou lá fora?

- Primeiramente, boa noite, convidados. Bem-vindos ao meu bar. Não precisam se apresentar. Já temos as fichas de vocês: Nooa, Alessa e Leonardo. Os “Taverneiros”. – Cottoneye disse, assim que os três se aproximaram.

- “Taverneiros”? – Nooa olhou sem entender, já fechando um pouco a cara.

Cottoneye riu. E quem respondeu, educadamente, foi Tarja, a loira:

- Nooa, assim chamamos quem ainda não foi treinado em Shang Simla.

- Tarja?... É você?... – Nooa olhou para a loira, reconhecendo agora, mais de perto, a garota com quem namorara alguns anos atrás, embora ela estivesse mais acima do peso.

- Sim. Como você está? – Ela respondeu, de boa, mas na dela.

- Bem, bem,... – Ele disse, um pouco desconfortável. A história deles tinha durado dois anos e três meses, e não continuou porque Tarja não aceitou o pedido de casamento de Nooa.

Depois de Eliina, a namorada de Nooa que foi assassinada por um Inumano, anos atrás (e depois que ele cortou a cabeça dessa criatura, capturada por uma equipe de Caçadores), Tarja foi seu único relacionamento sério, e depois de bastante tempo. E ele ainda se sentia meio chateado por ela tê-lo afastado. No entanto, não iria demonstrar isso. Então tratou de focar na conversa.

- Não fomos avisados desse detalhe de sermos chamados de “Taverneiros”. – Leonardo também não curtiu muito a informação.

- Todo pequeno país do Terceiro Império possui uma “Taverna”, comandada pelo líder dos Caçadores locais. João Victor comanda em Sunset Valley, eu comando aqui em Riverview, e assim temos outros líderes gerais em Bridgeport, Barnacle Bay, Hidden Springs, Twinbrook, Appaloosa Plains, Starlight Shores, Lucky Palms, Sunlit Tides,... Todas possuem o mesmo nome para serem identificadas pelos Inumanos; assim, eles sabem que estamos vigilantes. Além disso, os poderes deles não funcionam nas Tavernas.

- Então essa aqui é a sua “Taverna”? – Alessa perguntou, cortando o que ele falava, observando o símbolo dos Caçadores, um sol dourado, em uma parede ali, enquanto pensava que quando voltassem para Sunset, o Sr. João Victor teria que lhes dar muitas explicações!

- Exatamente, garota. – Cottoneye sorriu. – Hey, Jerusa! – Hunter chamou um sujeito que cumprimentou todos rapidamente. – Toma conta aí do bar, meu! – Disse, saindo do posto e reunindo os quatro na frente do balcão.

- Vamos conversar aqui, no meio de civis⁴? – Nooa perguntou, sério, tentando ser discreto ao olhar para Tarja, que se mantinha na dela.

⁴ Eles chamam de “civis” as pessoas que não possuem conhecimentos sobre o oculto e suas criaturas.

- Por que não? – Hunter riu.

- Porque pode haver gente que trabalhe aqui para aquelas criaturas. – Leonardo respondeu, na dele, achando Cottoneye um cara meio atípico.

Tarja se mantinha quieta. E evitava olhar para o ex.

- Nossa conversa não será demorada, porque tenho o que fazer. – Hunter disse. - Então vamos lá: sua irmã está na base militar, Nooa. Achamos que ela é uma de nós: uma Desperta. – Quando ele disse isso, Nooa se assustou. Nunca tinha parado para pensar na possibilidade de Tuuli ser como ele. Na verdade, queria a irmã bem longe daquele meio. Cottoneye continuou: - O Inumano que matou sua mãe e seu padrasto é um Antigo, capaz de se teletransportar e...

- Espera. Como sabem que Tuuli é uma Desperta? – Nooa estava nervoso diante dessa ideia.

- Um garoto foi vítima do poder do Manto. E ela se lembra do civil. Mais detalhes serão passados para você assim que sair daqui. – Tarja disse, na dela.

- Esse Inumano, onde ele está? – Alessa perguntou, séria.

- Ouviu a parte em que eu disse que ele é um Antigo? – Cottoneye riu. – Não vai ser missão de vocês encontrá-lo, é certeza.

- Por que ele matou Rikhard e Katriina? E por que deixou minha irmã viva? Um Antigo não se daria o trabalho de fazer algo assim pessoalmente, a não ser que fosse algo muito importante, algo que valesse sua atenção. E vocês têm a cara dele? Quero ver o rosto desse desgraçado!

- Aqui. – Tarja disse, sentando-se em um dos banquinhos do balcão. Pegou seu tablet e mostrou uma imagem, retirada do vídeo gravado por Martta durante a ação deles naquela noite. – Esse é o “Antigo”.

- Ok... – Nooa disse. – Bem pálido, hein?

- Ele é bem assustador. – Alessa disse, olhando a imagem.

- Nenhum nome, nada sobre ele? Ou algo que ligue Rikhard a essa criatura?... Fora o fato de termos um Inumano Antigo não registrado... Mas que beleza!  – Léo disse, irônico.

- Acredita mesmo que Antigos se registrariam? – Hunter riu do que ele considerava uma pergunta típica dos inexperientes.

- Continuamos investigando a vida de Katriina e Rikhard, mas até agora, não encontramos nada além da participação dos dois em negócios arriscados, dinheiro perdido e gasto de forma descontrolada,... Nada que levasse ao nome de um Inumano. – Tarja falou, séria como sempre.

- Ok. Então cadê minha irmã? Como ela está? Vim para levá-la para Sunset. – Nooa disse, também sério.

- As coisas não são tão simples, Nooa Styrman... Você sabe disso. – Hunter sorriu. – Como eu disse, não podemos deixar uma Desperta novata, não treinada, que está viva não sabemos ainda o porquê, nas mãos de um grupo de “Taverneiros”.

- Cara, você só pode estar de brincadeira comigo, certo? – Nooa riu, sem vontade. Estava louco para meter a porrada em um. E o jeito com que Cottoneye falava deles estava lhe irritando ainda mais. Então respirou fundo e disse: - Vamos resolver isso logo. Agora! – Nooa disse, irritado. – Quem libera a minha irmã para ficar sob os cuidados de um Líder Geral dos Caçadores, quem é? É o Marechal do exército de cada país, certo? Aqui em Riverview é o Mauno, confere ou perdi alguma coisa?

- Sim. – Cottoneye sorriu. - O Mauno é o Marechal do Exército de Riverview. No entanto, ele só libera sua irmã se eu, Líder dos Caçadores deste país, disser que é seguro ele deixá-la comigo para treinamento aqui na minha “taverna”. Ou disser que é seguro liberá-la para que fique sob a responsabilidade do Líder Geral de Sunset Valley.  – Ele sorriu, enigmático.

- E posso saber por que diabos ainda não fez isso?! – Nooa já estava bem alterado.

Alessa segurou no ombro do amigo:

- Nooa, calma...

- João Victor me mandou aqui para pegar minha irmã pessoalmente! Então quero saber por que tu não a liberou ainda, mermão!

Leonardo e Tarja permaneciam quietos. Ambos observando as reações de todos ali.

- Preciso de uma equipe pequena e discreta para fazer um serviço para mim. – Hunter disse, sério.

Nooa riu, sem vontade: - Cara, tu tá de brincadeira comigo, certo?

- Vamos reportar essa situação ao teu superior. – Alessa disse, calmamente.

- Vão em frente. A palavra de um irmão desesperado para ter sua irmã Desperta por perto contra a do Líder Geral local. Boa sorte! – Hunter disse.

Um silêncio pesado tomou conta de todos naquela conversa. Nooa, Alessa e Léo sabiam que seria muito pior se eles fossem pessoalmente até o Marechal Mauno para contar o que estava acontecendo ali, afinal, seria uma quebra de protocolos absurda. E falar com João Victor, naquele momento, seria criar uma terrível situação diplomática entre os Caçadores dos dois países. E Nooa não queria que seu grupo fosse responsável por algo assim. Então, quando Alessa ia falar algo, meio irritada também, Nooa a cortou e disse para Cottoneye:

- Qual é sua proposta? O que precisamos fazer?

Ainda em Riverview.

Muuuitos dias após a proposta de Hunter ao grupo de Nooa...

Daniel Wang estava morto para todos. Ninguém se lembrava dele: sua família, seus amigos, seus colegas de escola. E quem estava lhe ajudando agora era o senhor Lucky Perkins, que sabia da existência dos vampiros e de pessoas que desapareciam, vítimas desses, e que, depois, eram apagadas das memórias de todos.

O garoto estava morando na casa daquele bom homem desde que fugira do castelo dos Æsires, onde se encontrava aquela porta viva diabólica. Não havia um dia sequer em que não tivesse pesadelos com aquela noite.

Então, durante todos aqueles dias, para não pensar, estava sempre fazendo alguma atividade. Tinha sido matriculado em uma nova escola, com documentos falsos conseguidos por Lucky. O novo nome de Daniel agora era Lucas Perkins, “neto” do Sr. Perkins. E, quando não estava no colégio, onde preferia ficar sozinho e não fazer novos amigos, estava ajudando Lucky, embora esse dissesse que não era preciso.

Daniel já tinha modificado muitas coisas ali na casa daquele bom senhor, que era meio obcecado com a ideia de encontrar muito ouro e ficar rico: tinha tirado os matos da frente da casa, que escondiam o pequeno lago cheio de peixes.

E com a permissão de Lucky, vendeu a banheira velha que havia no terreno, mais a cama antiga de Perkins, e comprou um beliche usado, em bom estado, com colchões decentes para os dois.

Wang também plantou alguns pés de alface, batata e cebolas no terreno limpo.

E vendia os peixes que pescavam para o armazém local.

À noite, após um dia geralmente cheio, os dois jantavam juntos na casinha simples, conversando sobre o que tinham feito. Lucky não tocava no assunto “vampiros”. E Daniel muito menos, embora, todos os dias, pensasse em vingança.

Dormiam cedo. O garoto às vezes demorava mais para pegar no sono.

Quando não ia para a escola, ia junto com o “vô”, como passou a chamá-lo, de forma natural, até a mina de escavação que ficava bem próxima. Mina essa que o garoto o ajudou a encontrar. Era proibido entrar lá, mas eles escavavam os arredores em busca de pedras preciosas.

E vez ou outra, Daniel ia, sem que Lucky soubesse, até a “Parada de Lixo do Guto”, onde buscava por sucata para vender.

Como o garoto tinha alguma experiência com mecânica e eletrônica, pegava equipamentos relativamente novos, com pequenos defeitos, que as pessoas jogavam fora, e, comprando as peças certas, consertava-os, revendendo-os. Só na última semana, tinha achado dois microondas e uma máquina de lavar pratos. Os Simoleons⁵, que conseguiu com esses três, o animaram um pouco.

⁵ O nome do dinheiro dos Sims.

Além disso, tentava sempre manter a casa de Perkins limpa. Não permitia que ele pegasse peso demais, ficava atento à alimentação do bom homem e cuidava para que estivesse sempre bem. O mesmo cuidado Lucky tinha por Daniel. O garoto havia se tornado como um filho para ele.

E foi pensando em fazer o garoto dar uma “parada”, uma “descansada”, que Perkins decidiu pegar uns Simoleons que tinha recebido pela venda de umas pedras, e levar o garoto para comer algo na cidade, após ter lhe presenteado com um tênis e roupas novas.

- Vô, não precisava ter gastado com roupas, tênis, essas coisas... – Wang dizia, sentindo-se feliz.

- É o mínimo que posso fazer por alguém que tem cuidado tanto deste velho. – Lucky sorriu. – Vamos sentar?

Estavam em uma sorveteria que tinha sido recém-inaugurada na cidade. O lugar era bonito e atrativo.

O garoto sorriu, assentindo, e logo os dois estavam acomodados.

Na mesa à frente dos dois, Daniel reconheceu a Sr.ª Fátima Simovitch e sua filha única: Bete. Ele ficou um pouco desconfortável com a presença da garota ali. Lucky notou isso.

- Ela era sua amiga? – O senhor perguntou.

- Aquela é a garota que fez a aposta. Aquela aposta de entrar no cemitério... Se não tivesse sido por ela, talvez nada disso tivesse acontecido comigo! – Ele falou, meio indignado.

- Ela poderia ter sido a vítima no seu lugar... Mas provavelmente estaria morta, certo? Ela não tinha a rara Flor da Morte, aquela que você encontrou, ou que encontrou você, filho.

- E eu perdi minha família, meus poucos amigos,... Perdi tudo...

Um breve silêncio se fez presente na mesa, o suficiente para que eles ouvissem um pouco da conversa entre mãe e filha.

- Querida, o que está achando daqui? Bonito esse novo local, não é? Deveria pegar o carro e trazer seus amigos para cá, sair, se divertir. Você está muito trancada em casa e isso não é normal. – A Sr.ª Simovitch falava, enquanto comia uns bolinhos recheados de sorvete.

- Mãe, eu ainda estou meio chateada com o sumiço da Tuuli depois da morte da mãe e do padrasto dela... Estou preocupada com minha melhor amiga. A gente saía para todos os lugares juntas. – A expressão de Bete deixava claro o quanto estava sentida por a Styrman ainda não ter se comunicado com ela.

Na mesa atrás, Daniel, assim que ouviu o nome de Tuuli, olhou rapidamente para Lucky e passou a ficar mais ligado na conversa delas.

- Querida, depois de tudo, com certeza ela deve estar em Sunset com o pai e o irmão. O que aconteceu foi muito grave. Não sabemos exatamente o que houve na casa dos Filatov, o que Tuuli viu... Com certeza foi algo traumático, Bete. Um psicopata matou a mãe e o padrasto dela! Ela certamente precisa desse tempo, querida!...

- Eu não sei, mãe,... A Tuuli já não parecia muito bem... Aquela conversa estranha sobre um garoto da escola que sumiu, sendo que ninguém sumiu, depois o assassinato da família dela,...

Daniel quase pulou da cadeira:

- Vô, o senhor ouviu, vô?!!! A Tuuli se lembra de mim!!! Ela se lembra de mim!!!... E... A família dela foi assassinada? – Ele não sabia o que pensar sobre isso. Como, nesses últimos dias, não tinha lido jornais, assistido TV, não soube dessa terrível notícia.

- Psssiu! Acho que temos problemas aqui. É melhor irmos embora. – Perkins disse, com a expressão um pouco assustada.

- Por que, vô?

- Uma vampira acaba de entrar. – Ele disse, sério.

A vampira fez uma ligação para alguém.

Lucky e o garoto levantaram, saindo dali. E Daniel passou olhando bem para a cara dela, que não percebeu essa encarada indiscreta. Ele estava determinado a acabar com aquela raça. E tinha decidido que aquela “Æesir” seria a primeira.

Daniel não conseguia enxergar os “vampiros”. Ele não era um Desperto. Mas Lucky era, embora não tivesse ideia disso. O senhor apenas enxergava a verdadeira essência das criaturas sobrenaturais. E se mantinha bem longe delas.

- Vô, quero que volte para casa. Eu vou seguir a criatura.

- De forma alguma, menino! Está louco? Essas coisas são perigosas! Você sabe disso! Eu não vou permitir isso! Vamos para casa agora!

- Não posso! – Ele fechou a cara, falando sério. – Quem serão as próximas vítimas agora? Vou deixar que matem mais uma pessoa? Desculpe. Eu não posso permitir isso.

- E como pretende acabar com essa coisa? Você já viu como são criaturas poderosas! Nós somos apenas Sims comuns, pessoas normais, menino! Agora me escute e vamos embora!

- Eu não vou.

Lucky Perkins olhou sério para ele:

- Você vai atraí-los para minha casa!

Daniel sentiu como se tivesse levado um soco no estômago ao ouvir a expressão “minha casa”. Estava claro que, se ele ficasse ali agora, não deveria voltar. Era o que tinha entendido com a colocação de Perkins. Mas respirou fundo, olhou sério para Lucky e disse, decidido, embora com o coração apertado:

- Tudo bem. Não vou envolvê-lo nisso... E agradeço por tudo que me fez. Mesmo. Mas vou ficar aqui. E irei atrás da criatura.

Perkins resmungou algo, bastante chateado. Então pegou a bicicleta e saiu dali, claramente enraivecido.

 Mais tarde, naquela mesma noite, na residência dos Simovitch...

Vadinho terminava um relatório. Sua esposa Fátima e sua filha Bete estavam em casa e tudo estava tranquilo. Essa noite ele trabalharia madrugada adentro. Era um Analista de Fertilizantes, a serviço do Laboratório de pesquisas de Água e Solo. Um cidadão comum e batalhador.

Quando ouviu a campainha tocar, achou estranho ver uma bela mulher lá fora. Ele não a conhecia. Talvez fosse uma amiga de sua esposa. Então abriu a porta, sob o olhar atento e discreto de Daniel Wang, que observava de uma das janelas do lado de fora da casa.

- Tudo bom, Sr. Vadinho? Posso entrar? – A mulher já foi entrando, na verdade. Ao contrário do que as pessoas acreditavam, “vampiros” não precisavam de convites para entrar nos locais que quisessem.

- Eu posso ajudá-la, Sr.ª...? – Ele não gostou da intrusão e esperava uma apresentação e uma boa explicação para o horário incomum daquela visita.

- Srt.ª Dina Caliente, Sr. Simovitch. E é com o senhor mesmo que quero falar. Serei direta: o senhor fará uma visita hoje à Base Militar Forte Salas e levará um presente meu para algumas pessoas que trabalham lá. E o senhor não terá escolha, caso contrário, matarei sua esposa e sua filha. – Ela disse, direta, mostrando os dentes.

Naquela mesma madrugada, na Morada Remington,...

A imensa mansão Remington havia sido comprada, por Gunnar, usando uma identidade falsa. O homem que a construiu chamava-se Jasper Remington. Seu corpo estava enterrado no jardim daquela mansão. Jasper sempre sonhou que, se continuasse construindo e reformando sua modesta casa, seu legado seria eterno! Alguns moradores acham que esta casa dói na vista, mas a maioria a aceita como parte da rica história da cidade... E muitos acham que o sonho de Jasper se realizou⁶.

E Gunnar escolhia bem os locais em que morava. Quanto mais antigos, mais cheios de energia, mais poderosos esses lugares eram. Além de que aquele lote oferecia uma bela vista de toda Riverview!

⁶ Descrição dessa mansão no jogo.

Então foi nesse local que o viking pôde criar seu novo corpo, de forma a ser perfeitamente igual a sua aparência original de Anders. O que fez o processo ser mais rápido foi o sangue de sua mais nova escrava: Luisa Libros. O poder de Gunnar fez com que ela acreditasse piamente que os dois se amavam muito, que ele era o amor de sua vida e vice-versa.

Então, assim, de bom grado, ela permitia que ele lhe mordesse o pescoço e bebesse de seu sangue.

Depois, ele apenas “sugeria” que ela deitasse e descansasse um pouco. A ordem era seguida e logo Luisa caía em um profundo sono.

Enquanto isso, as mais novas Inumanas (as irmãs Nina e Dina; que, junto com Luisa, tinham sido as únicas “sobreviventes” da festinha na casa em Barnacle Bay) cumpriam as ordens de Gunnar, sempre atentas para não serem achadas por Caçadores.

Naquela madrugada, o guerreiro dava as últimas instruções para Nina:

- Lembre-se: dê cinco minutos apenas. Assim ele não terá tempo para contar nada para alguém da Base. – Gunnar dizia, sério. -. Depois, ataque com os armamentos que conseguimos. Isso vai forçar um bom número de militares a sair do local.

- Mas,... Isso não vai fazê-los proteger mais a área onde os nossos estão sendo mantidos?... – Ela perguntou.

- Preocupe-se em fazer o que lhe foi ordenado, Nina. – Ele respondeu secamente.

Então ela assentiu e saiu.

Gunnar tinha outros aliados, felizmente. E ele sentia que aquela madrugada seria histórica, seria a madrugada em que Rhaluk, o portal vivo, seria aberto.

Riverview.

Subterrâneo da Base Militar Forte Salas.

Naquela noite.

Tuuli já tinha cansado de chorar, de gritar, de exigir sair dali. Fazia alguns dias que se encontrava presa naquele quarto, pelo menos desde que saiu do estado de choque em que estava. E foi ali, sozinha, que ficou sabendo da morte de sua mãe e de seu padrasto, através de uma voz eletrônica, fria, que ela não sabia se pertencia a um homem ou a uma mulher.

E aquele quarto possuía espelhos em duas das paredes; e duas portas: uma dava para um banheiro, e a outra era aberta apenas quando lhe levavam algo para comer. A voz eletrônica sempre lhe fazendo perguntas, querendo saber sobre o que houve naquela noite em sua casa.

Mas as memórias dela estavam confusas. Misturavam-se com as de Henrike e de Angelline, duas de suas últimas reencarnações. Henrike, a garota que achou o portal chamado Rhaluk, mas que falhou em abri-lo, traindo assim seu povo, por causa de um humano. E Angelline, a jovem duquesa de Savoy, que foi assassinada por um dos seus, um Æsir, por ter escolhido ficar do lado de... um humano. Novamente o humano.

Então Tuuli baixou a cabeça, como se o mundo lhe pesasse. Lembrava vagamente de Anders... Era como um sonho distante... Anders era um Æesir. Ela também era. Lembrou que eram caçados pelos humanos. Por erros cometidos por alguns, não por eles. “Nem todos somos maus!”, ela pensou, indignada. Pensou, pois não ousava falar. Tinha medo de quem poderia estar atrás daqueles espelhos. Não sabia quais eram suas intenções. Sentia vontade de chorar, mas não se permitia. Não agora. Já havia derramado lágrimas demais.

Não sabia se Anders também estava preso. E tinha um senso de proteção, em relação a ele, que era muito forte. E Nooa? Onde estava Nooa? Onde estava seu pai Markku? Eram tantas preocupações! As suas preocupações, as de Henrike e as de Angelline.

“Henrike de Anders”. Agora entendia o porquê de ter ficado petrificada diante daquela lápide... Ela lhe remetia a duas histórias passadas: o primeiro nome a ligava ao guerreiro nórdico chamado Gunnar. O segundo nome a ligava a sua própria vida como Angelline. “Henrike de Gunnar e Angelline de Anders...”, ela pensou, como se estivesse corrigindo a informação.

- Tuuli, tudo bom? – A voz eletrônica, naquele quarto, interrompeu seus pensamentos.

- Quero saber quando vão me soltar!

- Querida, você está muito sozinha. Até seu irmão chegar para levá-la, deixaremos que converse com Chin Jou.

Então, o espelho da parede deu lugar a uma espécie de janela, onde Tuuli pôde ver uma jovem garota... Mas a pele dela, o brilho de seus olhos, era tudo muito diferente...

Enquanto isso, as duas Caçadoras observavam as garotas, sem serem vistas.

Chin Jou olhou para Tuuli. Ela enxergava a Styrman como uma vampira também; isso por Tuuli ser uma sacerdotisa Æesir, então uma de suas habilidades era que sempre seria reconhecida por outras criatura como um deles.

- Bem vinda ao inferno. – Chin disse, secamente.

- Você... Você é uma...

- Sim. Uma vampira, como você. – Chin cortou Tuuli. – Qual a surpresa disso?

Na sala de observação, Tarja e Susan Mayer, ambas Caçadoras, se entreolharam. Era impossível que Tuuli fosse uma Inumana. Teriam enxergado Tuuli dessa maneira se ela fosse mesmo uma dessas criaturas.

- Pode ser uma jogada de Chin para nos confundir. – Tarja disse.

- Eu... Eu sou como você?... – Tuuli não entendia, pois se enxergava como uma Sim comum.

- Qual seu problema? – Chin olhou para Tuuli com desprezo. – Eles sabem o que nós somos! Não adianta fingir, garota!

- Eu não entendo!... – Tuuli estava assustada.

- Já sei. Você é uma recém-transformada, certo? Pois pena que não deu sorte. É o seguinte: sabe todas essas historinhas por aí sobre criaturas sobrenaturais? São reais. E você é uma delas, guria!

- Não! Eu não sei do que você está falando! – “Siiiiiiim! Você sabe, Tuuli! Mas cale essa boca! Cale essa boca!!!”, Tuuli pensava, como se Henrike falasse com ela.

- Só que existem eles: os Caçadores. – Chin continuou. - Pessoas com a “visão”. Capazes de enxergar nossa verdadeira natureza. E os únicos que sabem como nos eliminar definitivamente. É nas mãos dessa gente cheia de ódio que nós estamos. E eles vão nos matar.

“Não diga o que você é!!! Não diga!!!”, agora a voz de Angelline, na mente de Tuuli, gritava com ela.

- CALA A BOCA!!! – Tuuli gritou consigo mesma, mas pareceu algo voltado para Chin.

- Inumana louca! – Chin disse, cheia de raiva na voz. – Se é para morrer, que morra com dignidade!

- Corta a conversa entre as duas. – Tarja disse, séria.

A janela voltou a virar um espelho, separando as duas garotas. Não podiam mais se ver nem se ouvir. Tuuli correu para a cama e se pôs a chorar. Chin sentou na cadeira do “quarto”, quieta, indignada até.

- Tarja,... É a primeira vez que isso acontece... Não estamos enxergando uma Inumana?...

- Já disse: pode ser um truque de Chin. Teremos que confirmar isso. – Tarja ligou para Hunter.

Àquela hora, Hunter estava em sua casa: um bunker super protegido e recentemente reformado com o que havia de melhor no quesito segurança. Comia um prato de macarronada vegetariana quando seu celular tocou.

- Boa noite, Tarja. Fala. – Ele disse assim que atendeu a ligação.

- Hunter, Chin reconheceu Tuuli como uma Inumana. Nenhum Desperto a enxerga assim. – Tarja era sempre direta. – Pode ser um truque de Chin.

- Eu não sei o que pensar. Isso nunca aconteceu antes.

- O que sugere? Não podemos deixar Tuuli presa aqui para sempre. Nooa já está há alguns dias em Al Simhara. Breve ele estará de volta e teremos que lhe entregar a irmã.

- Se ela for uma Inumana, não poderemos deixá-la partir.

- Hunter, e onde está aquela mulher que você disse que poderia ajudar, a vidente Rose Rome?

- Desapareceu do mapa. Ninguém sabe para onde foi.

- Precisamos pensar em algo, Hunter.

- Erion. Ele irá nos ajudar.

- Você não está falando sério, está? Não sabemos de que lado Erion está! – Tarja fechou a cara.

- É a oportunidade perfeita para descobrirmos. Erion está com os Inumanos ou conosco?... Jogue Chin primeiro. Depois a irmã de Nooa.

- Eu não acho que devemos...

- Tarja, isso é uma ordem. Ah! Independente do resultado, eu quero Chin eliminada, entendeu? Ela não é mais útil.

- Sim, senhor. – Tarja respondeu, secamente.

- Resolva isso já. E me ligue após os resultados. – Ele desligou.

- Susan, prepare Erion. – Tarja disse, séria.

- ...Ok. – Susan entendeu a conversa muito bem. Iria haver morte naquela noite.

Al Simhara.

Dois dias antes dessa conversa de Tarja com Cottoneye.

Al Simhara é uma lendária cidade de comércio próspero e história viva. Mas, sob suas areias, há um mundo antigo de mistério e perigo. Os moradores afirmam que, ainda hoje, é possível encontrar tumbas inexploradas e tesouros escondidos⁷.

⁷ Descrição de Al Simhara no jogo.

Mal chegou ao lugar, Nooa se meteu em várias aventuras: escavou lugares cheios de perigo.

Teve que aprender a encantar serpentes para conseguir informações sobre uma Empresa chamada MorcuCorp (e depois até invadir uma das sedes deles).

Procurou por turquesas e Mumitômio para subornar capangas.

Buscou em tumbas antigas por uma linhagem especial de frutas flambadas; roubou um livro antigo que informava onde se encontravam as relíquias do Sol, da Vida e da Eternidade e depois foi atrás de cada uma delas; entrou em pirâmides e quase virou churrasco várias vezes por conta das perigosas armadilhas nas tumbas!

Nadou nas águas antigas e arredias da Tumba do Oceano Deserto.

Entrou no templo da Rainha Hatshepsut e encontrou seu diário pessoal.

Encontrou o jardim desértico das plantas que dão Simoleons (e claro que pegou várias sementes dessas).

Fora as inúmeras vezes em que ficou preso dentro do carro por causa das terríveis tempestades de areia. Ele realmente estava exausto!

Já Leonardo e Alessa ficaram com a parte mais social da missão, então geralmente permaneciam mais na área da cidade mesmo, onde conheceram muitas pessoas, principalmente os donos das lojas.

Leram muitos livros na livraria local, se inteirando de informações históricas e políticas da região.

Descobriram muitas informações relevantes sobre as personalidades locais, inclusive foram recebidos pelo Sr. Fikry Ameen, um comerciante de itens especiais.

Conheceram até um encantador de... err.. ursinhos de pelúcia!

E ainda conseguiram aproveitar o tempo juntos para se conhecer melhor...

  

No entanto, nada os levou ao alvo: Akhenaten.

Agora, os três estavam na casa de férias do Sr. Markku Styrman, pai de Nooa. Um verdadeiro palácio egípcio!

- Eu não sei mais onde podemos procurar esse tal de Akhenaten! Já vasculhamos Al Simhara inteira e nada! – Alessa suspirou, olhando o formigueiro que tinha comprado no mercado da cidade.

Jogavam sinuca enquanto decidiam qual seria o próximo passo. Nesses dias em que estiveram lá, fizeram de tudo para conseguir informações sobre o homem que procuravam.

- Não podemos voltar sem a informação e sem o artefato que Hunter quer. – Leonardo disse.

- Quer saber? – Nooa suspirou. – Eu já não sei mais o que fazer.  – Ele apoiou as mãos na mesa de sinuca.

- Também não temos a mínima ideia. – Alessa disse.

- Já fizemos tudo que podíamos. Já conheço esse lugar de ponta cabeça até. Mas o sujeito está mais escondido que o próprio Corann⁸! – Nooa falou, cansado. – Quer saber? Eu preciso dormir, descansar. Quem sabe assim eu consiga pensar em alguma coisa... Eu vou nessa. – Ele disse, subindo para o quarto dele.

⁸ Corann é o líder dos vampiros, da "Sociedade Fria".

- Nooa está acabado, Léo,... Ele não parou desde que chegou... – Alessa disse, quando o amigo saiu.

- É... Da próxima vez que ele sair, a gente vai junto. Ele querendo ou não.

- Então é melhor a gente já ficar a postos. Vamos nos preparar? – Ela disse, dando um selinho nele.

- Vamos. – Ele sorriu.

Nooa estava relaxando pela primeira vez desde que tinha chegado ali. Tomou um banho e se largou na confortável cama, assistindo um filme na TV. Chegou mesmo a cochilar, de tão cansado. A mente preocupada com a irmã e com seus objetivos naquele lugar.

Fazia menos de uma hora que estava em seu quarto, quando seu celular tocou. Levantou. Era um número desconhecido.

- Sei que procura por Akhenaten. – Era a voz de uma senhora.

- Quem está falando? – Nooa perguntou, sério.

- Ele foi para a Pirâmide dos Ventos. Algo aconteceu, pois não retornou.

- Quem é você?

- Você o encontra e ele ajuda você. Diga que Ahura lhe pediu para achá-lo. Sou a esposa dele. Sei que conseguirá. – A mulher parecia nervosa. Então, sem mais, desligou.

Nooa ficou um pouco confuso, mas se era a única pista que possuía no momento, se agarraria a ela. Vestiu-se rapidamente e desceu praticamente correndo. Encontrou Léo e Alessa na sala, ambos também prontos para sair.

- O que houve? Para onde está indo com tanta pressa? – O amigo perguntou, já seguindo-o junto com Alessa.

- Uma mulher ligou. Disse que Akhenaten está na Pirâmide dos Ventos. – Nooa disse.

- Escuta, Nooa,... – Alessa falou, séria. – Somos uma equipe, certo? Chega de fazer o trabalho pesado sozinho, ok? Estamos nessa juntos, não?

Nooa parou e olhou sério para os dois. Depois deu uma gostosa risada:

- Ok. Vamos nessa então!

Os três sorriram, se entreolhando. Pegaram o carro e partiram para o local.

 A pirâmide era impressionante.

E eles demoraram algum tempo até conseguir entrar no lugar.

- Parece um mercado antigo... – Alessa disse, observando a disposição das coisas.

- Não deve haver muita coisa interessante por aqui... Já foi explorada por outros antes. Percebem? – Nooa disse ao abrir uma arca e encontrá-la vazia.

- Uma pena que roubem esses tesouros históricos, não é?... - Léo observava cada detalhe. Era a primeira vez que entrava em um local como aquele.

- Bem, melhor que a gente pegue, já que entregaremos tudo para o museu local, do que ver essas coisas sumindo nas coleções particulares de multimilionários por aí, certo? – Alessa disse.

- Contanto que cuidem dessas preciosidades, não me importo com quem fiquem. – Léo falou.

- Epa, epa, epa... Encontrei algo aqui no chão... – Nooa disse, colocando a mão dentro de um buraco.

- Não é perigoso fazer isso? – Alessa perguntou.

- Está falando com um profissional das tumbas, linda. – Nooa sorriu.

- Encontrei outro buraco aqui na parede. – Léo disse, colocando a mão também. – Opa! Ouro! Acho que quem esteve aqui teve medo de colocar a mão nisso.

- Claro! Às vezes esses buracos estão cheios de besouros venenosos! Na verdade, esqueci de colocar as luvas. – Nooa riu.

- Legal, cara. E tu avisa isso agora. – Léo deu risada também.

Nooa encontrou um dispositivo no buraco que mexia. Uma escada se abriu no chão.

- Aê! Vamos ver o que nos aguarda. – Ele desceu na frente.

A escada levava a um aposento pequeno. Lá, havia uma Pedra da Lua Crescente em um pedestal. Essa pedra era como uma chave que abriria alguma porta especial dentro daquela tumba, ou em outro lugar. E em outro pedestal próximo, uma joia.

- Mais alguma coisa por aqui? – Alessa perguntou, dando uma checada nas paredes, procurando por alguma porta secreta.

- Creio que não. – Léo respondeu, ajudando-a nessa tarefa também.

Seguiram então para outra grande sala daquela tumba. O local realmente parecia ter sido um mercado antigo. No entanto, pelo estado de algumas roupas e barris cheios de vinho que estavam ali, os três puderam notar que talvez o lugar ainda fosse utilizado.

- Há coisas novas aqui. Esse lugar está sendo usado como depósito. – Alessa falou.

- Provavelmente material trazido para cá por meios ilegais, para fugir dos impostos. – Nooa disse, sério. – Há outra escada aqui. Vamos lá.

Mas, dessa vez, outro pequeno aposento, com entulhos e um sarcófago vazio.

Voltaram à sala anterior.

- E essas pedras aqui nessa parede?... – Nooa observou o produto de um desabamento próximo.

- Parece recente. Pode ter sido provocado. – Léo disse.

- E há uma passagem atrás dessas pedras. Será que nosso alvo está preso aí dentro? – Alessa perguntou. – Melhor averiguarmos. No entanto, vamos levar horas para tirar essas pedras daí! – Ela suspirou.

- Bem há aquelas picaretas que achei lá embaixo. São mais uma prova de que tinha gente escavando esse lugar. E podemos usá-las. – Léo falou.

- Na verdade, não precisamos delas. – Nooa disse. – Eu achei um artefato durante essas minhas últimas aventuras por aqui... Eu não falei antes porque eu estava tão preocupado com tudo que está acontecendo que me passei.

- Que artefato? – os dois olharam sérios para ele.

- O “Machado de Pangu”. Forjado a partir dos materiais mais fortes da terra. E abençoado pelos monges do Clã do Punho Firme. Tem força para esmagar tudo pelo caminho⁹! E eu falo tudo mesmo! – Ele disse, sério.

⁹ Descrição sobre o objeto dada pelo jogo.

- Hmmm... – Alessa olhou para ele querendo rir. – Ok, Nooa. Chegou a brincadeira, certo? Sério. Se vamos fazer isso, pelo menos que a gente não perca tempo.

- Mas é sério. – Nooa disse.

Léo já estava indo pegar a picareta quando Nooa se posicionou de frente para a pilha de pedras e começou a falar umas palavras estranhas e antigas. Um belíssimo machado materializou-se nas mãos dele, e raios surgiram atingindo o objeto. Léo e Alessa olharam, surpresos.

- Meu Will Wright! Mas esse meu amigo está quase o Sim-Man! – Léo riu.

A primeira machadada e a pilha virou pó. Quanto ao machado, simplesmente desapareceu.

- Cara!!! Tu agora é quase um Thor, meu! Imagina o que poderemos fazer contra os Inumanos!!! – Léo se empolgou.

- Meu, esse machado só funciona para acabar com pedras... – Nooa disse, entre desanimado e conformado.

- Tem certeza, Nooa? Parece tão poderoso!... – Alessa estava encantada com a arma. Era incrível!

- Tenho sim. Eu não sei explicar como, é como se fosse um conhecimento intuitivo, saca? Sei que só funciona para isso. – Nooa disse. – Bem, olhem! Temos mais uma passagem. Escadas novamente. Isso parece nunca ter fim!

Os três desceram novamente. Mas dessa vez, para surpresa deles, ao adentrar em outro recinto pequeno, encontraram um homem, largado no chão, próximo de uma barraca e de garrafinhas de água (todas vazias, como puderam ver depois). Também havia três arcas no local.

Os três correram para ajudar o homem. Ele estava morrendo de sede e com muita fome. Deram-lhe água e ração. Estava fraco, mas ainda conseguia andar.

- Quem são vocês?... Como... Como me encontraram aqui?... – Ele perguntou, com seu sotaque forte.

- Seu nome é Akhenaten? – Nooa perguntou. Sabia que ele era aliado dos Inumanos, mas tentava não pensar nisso no momento, porque senão iria querer enchê-lo de porrada por ajudar as vis criaturas.

- C-c-c-como sabe?... Vocês... Não vieram se certificar que estou morto, vieram?... Não vão me matar, não é?... – Ele estava muito assustado.

- Se fosse para matá-lo, já teríamos feito isso. – Alessa disse, na dela.

- Precisamos de informações: sobre um item que você vendeu para um vampiro e sobre um artefato: uma lâmpada antiga. – Nooa voltou a falar, olhando fixamente para ele, tentando analisá-lo.

- Como souberam de mim? – O homem estava cada vez mais nervoso.

- Isso não importa. – Léo respondeu, já dando uma olhada nas urnas ali.

- Sua esposa, Ahura, entrou em contato comigo. Ela disse que o senhor nos ajudaria se o encontrássemos. – Nooa disse, sério ainda.

O homem suspirou. Só queria sair dali.

- Ok. Ok. Eu digo tudo que vocês quiserem! Não tenho mais nada a perder mesmo! Além disso, me salvaram! Quer dizer,... Vão mesmo me ajudar a sair daqui, certo?...

- Quem o prendeu aqui e por quê? – Alessa perguntou, intrigada.

- Forças ocultas! – Ele disse, com os olhos arregalados. – Mas eles não conseguem entrar nesta câmara, por causa das inscrições mágicas esculpidas nas paredes! Eles querem me destruir! – Disse, apavorado. – Não vão me deixar sair daqui! Precisam me ajudar!

- Barulho lá em cima. Não estamos sós. – Nooa disse, saindo furtivamente para ver quem mais estaria ali.

Mal subiu as escadas, Nooa pôde ver três espectros flutuando, tentando se aproximar deles, estranhamente sem sucesso. Nooa e Alessa vieram logo atrás. Akhenaten, extremamente receoso, criou coragem e também foi até lá, mas sem sair de trás dos três. As figuras fantasmagóricas eram assustadoras.

- Eles não conseguem se aproximar mais. – Nooa disse. – Sinto que a energia deixada pelo machado mágico ao meu redor está nos protegendo. Só que ela não vai durar muito. – Ele estava preocupado.

- Não queremos vocês... – A voz do fantasma da mulher tomou conta de todo o aposento. Era uma voz carregada de raiva. – Queremos Akhenaten. – Os três sorriram diante da possibilidade de pegar o homem.

O egípcio tremeu ao ouvir isso.

- Vocês foram os responsáveis pela prisão dele lá embaixo? – Leonardo perguntou.

- Siiiim, fomos nós... As pedras na frente desta porta eram apenas para nós nos certificarmos de que ele jamais sairia daí vivo. Eu sou Emad Rateb. Akhenaten me queimou vivo, neste lugar, porque eu não pude pagar um remédio, que comprei em suas mãos, para curar minha filha pequena. – O espírito alaranjado disse.

- Eu sou Naima Hakim. Akhenaten me afogou, neste lugar, porque eu não quis casar com ele. – O espírito da mulher disse.

- E eu sou Samir Kohar. Akhenaten trocou meus remédios por veneno e eu morri, neste lugar, assim ele pôde liderar o tráfico de mercadorias da região e tomar conta desta tumba.

Um silêncio pesado tomou conta do ambiente.

- Ok, Akhenaten. Eu mesmo estou quase te jogando para esses espíritos, cara! – Nooa disse, indignado.

- Não, por favor!!! Eu estou arrependido de tudo isso!!! – Ele desceu as escadas, correndo de volta para o lugar onde foi encontrado.

Nooa, Léo e Alessa correram atrás dele também.

- Por favor!!! Você falou que eles não podem se aproximar por causa de alguma energia mística que lhe rodeia no momento!!! – Ele falava, desesperado, olhando para Nooa. - Me tirem daqui enquanto essa energia dura!!!

- Na moral, você merece estar passando por isso! – Alessa disse, irritada. – Não passa de um criminoso safado!

- Por que esses fantasmas não lhe pegaram assim que você entrou aqui? Ou por que não o pegaram fora desta pirâmide?... – Léo não entendia.

- Acho que eles estão presos neste lugar. E eu usava um colar de proteção. Isso os mantinha longe de mim... Mas há poucos dias, quando entrei nesta sala, tropecei na escada e o colar quebrou-se. Para minha sorte, essa sala, como eu já disse, é um antigo templo de proteção contra espíritos. Por isso fiquei preso aqui... Eu morreria de fome e sede se não fosse por vocês!

- Essa conversa já está me irritando. – Nooa disse, ríspido. – O que andou vendendo para os vampiros e onde está a lâmpada?

Akhenaten começou a falar, olhando para Nooa:

– Quando eu entrei aqui, foi para pegar a lâmpada. Corann deseja comprá-la.

- A lâmpada está com você? – Nooa perguntou, friamente.

- S-s-sim... Aqui está... Pegue. Ela é sua. Só peço que vocês me tirem daqui. Estou arrependido de meus crimes! Eu juro! – Ele entregou uma caixa para Nooa.

- E quanto às outras informações que preciso? Qual sua ligação com os vampiros de Riverview? Em que tipo de negócios eles se meteram com você? – Nooa já sentia a raiva subindo. A ideia de alguém se aliando aos Inumanos era algo nojento na mente dele.

O homem forçou um pouco a memória:

- Eu vendi o Quadro de Nefertari para um deles. Anos atrás... Um homem loiro, imponente...

- Esse? - Nooa mostrou a imagem que tinha, de Gunnar, em seu tablet.

- Sim! Esse. – Silêncio. – O quadro mostra quando alguém que amamos reencarna... A imagem da pessoa aparece. Então é só saber onde encontrá-la... Há palavras de ativação atrás do quadro. Eu não entendo muito... É possível descobrir outras coisas sobre o ser esperado. Mas eu não consegui traduzir tudo lá... É uma linguagem antiga!

- Então, esse sujeito está atrás de alguém... Sabe se é um homem ou uma mulher a pessoa que ele procura?... – Alessa ficou séria.

- Essas criaturas não explicam nada! – O homem disse.

Um grande silêncio tomou conta do ambiente, cortado alguns segundos depois pela voz aflita do homem:

- Então? Precisamos sair daqui antes que a energia que lhe envolve se dissipe!

- Vamos! Não podemos perder tempo! – Léo disse, apressando os outros.

E assim fizeram. No entanto, mal saíram do local, os espíritos cercaram Akhenaten.

- NOOA! ALESSA! PRECISAMOS AJUDÁ-LO! – Léo gritou para os dois, na esperança de que esses pudessem fazer algo, já que ele tentava se aproximar para socorrer o homem e era repelido por uma força invisível.

Nooa não se deu o trabalho nem de olhar. Seguiu seu caminho, frio:

- Vamos embora.

Alessa ficou quieta, só observando.

Akhenaten, cercado pelos espectros, começou a sufocar, até cair no chão.

- EU NÃO ACREDITO QUE NÃO VAMOS FAZER NADA! – Leonardo gritou, enraivecido. Mais enraivecido pelo fato dele mesmo não poder fazer nada para salvar o homem.

Nooa parou mais à frente. Leonardo tentava ainda ajudar o sujeito. Foram minutos de agonia. Até que os espíritos sumiram. Akhenaten já não vivia mais.

- Vamos. Estamos perdendo tempo aqui. – O Styrman disse, na dele, saindo.

Alessa pegou a mão de Leonardo, que estava indignado, puxando-o, indo atrás de Nooa.

Durante a volta para o palácio, silêncio. O clima pesado no carro.

No palácio,...

- Você sabia que se ele saísse dali, naquela hora, ia ser vítima daqueles espectros!!! – Mal entraram na casa, Leonardo explodiu, cheio de raiva.

- Hey, hey! Calma aí, rapazes. – Alessa tentava colocar panos quentes. Ela também tinha certeza que Nooa sabia disso, mas já estava acostumada com o jeito dele. E, no fundo, achava que Akhenaten tinha que ter tido mesmo aquele fim.

- Não aponta esse dedo na minha cara ou vou esquecer que tu é meu amigo, cara. – Nooa respondeu, se estressando.

- Prometemos tirá-lo vivo dali!!! – Léo estava muito revoltado.

- Epa! QUEM prometeu isso? Eu não me lembro de ter prometido nada a ninguém! Ainda mais a um amigo de Inumanos!!!

- Não somos assassinos, Nooa! Nós não somos os caras maus! – Leonardo quase gritava, irado.

- Os “caras maus”? – Nooa não resistiu e deu uma boa gargalhada, sarcástico. – Escuta aqui, cara, se ele morreu daquela forma, foi porque foi aquilo que pôde colher do que andou plantando em vida! Não mandei ninguém matá-lo!

- Gente, essa conversa não vai levar a lugar algum. – Alessa suspirou.

- Nós não somos os juízes, Nooa! – Leonardo estava possesso.

- Sério? Se acredita no bem, deve acreditar no mal, Leonardo! Cresce! O mal existe e está em toda parte. Se não eliminamos o mal, ou se não permitimos que fatores externos o eliminem, como aconteceu nesse caso, teremos culpa quando um cara daqueles acabar com a vida de mais uma pessoa!

- Nós eliminamos Inumanos, não pessoas!

- Eu não matei pessoa alguma. Você matou, Alessa? – Nooa riu, irônico, perguntando para ela.

- Ai, gente!... Vocês querem parar com isso? – A garota colocou as mãos no rosto, cansada.

- Eu não sei se quero estar mais nesse grupo se for para trabalhar assim!

- Faz o que você quiser, Leonardo. Sua vida, sua decisão. – Ele disse, saindo.

- Hey, hey! Oh, Nooa, está indo para onde? – Alessa ficou logo preocupada.

- Aproveitar a noite. Amanhã a gente volta para Riverview. – Ele falou, batendo a porta da casa, tão chateado quanto o amigo, mas por motivos claramente diferentes.

Alessa suspirou e se aproximou de Léo:

- Não havia o que fazer... Se a energia que envolvia Nooa, e que poderia proteger Akhenaten, foi dissipada, o que poderíamos fazer? Aquele homem teria que ficar preso ali naquele recinto até acharmos uma maneira de tirá-lo de lá de forma segura.

- Ele ficaria então! Alguém dele poderia levar alimento e água para ele lá! Pelo menos até acharmos um jeito!

- Léo, nossa prioridade não é essa. Não é ajudar um sujeito que é um assassino e que vende coisas poderosas para nossos inimigos.

- Mas também não deveria ser facilitar as coisas para que ele fosse morto...

- Vem cá,... – Ela o abraçou. – Eu vou cuidar de você...

Nooa pegou sua moto e saiu. Pilotar o fazia se sentir muito melhor.

Seguiu para a pequena casa de férias que era dele, não de seu pai. Aquele era seu pequeno refúgio em Al Simhara. Sentia-se bem naquele pequeno oásis protegido de tudo e longe de todos. Às vezes ele simplesmente precisava de um tempo só.

Odiava brigar com seus amigos, mas pensava que Leonardo não estava entendendo o quão irresponsável seria deixar um assassino sair vivo daquela pirâmide. E sim. Nooa tinha deixado as coisas acontecerem de propósito. Ele acreditava que Akhenaten merecia ser morto, por isso não avisou quando a energia do machado se dissipou.

Suspirou, parado, pensativo, olhando o local vazio, bem aberto, mas muito seguro; muros altos cercavam a propriedade. E Nooa pagava uma pessoa para ir duas vezes por semana cuidar daquela casa. Então tudo estava muito limpo.

Assim, tirou sua roupa e se jogou na jacuzzi. Precisava relaxar. Estava cheio de tantos problemas já. E o dia seguinte seria longo. Então ligou o som e colocou uma de suas músicas preferidas. Recostou a cabeça e fechou os olhos.

Letra e Tradução

 

E, depois de um bom tempo relaxando, foi atrás de comer algo.

Sopa enlatada; mesmo porque só havia enlatados naquela casa no momento, já que ele não estava passando uns dias ali e, por isso mesmo, a residência não estava preparada para receber alguém. Então, por alguns segundos, pensou que estaria muito melhor se estivesse perto das piadas e risadas dos dois amigos deixados no palácio.

Sentiu vontade de ligar para Tarja. Lembrou que gostava da conversa dela, da companhia dela. Mas nem sabia mais como estava a vida da garota. “Vai que casou com outro! Deve ter os filhos dela já.”, pensou, levemente chateado com a ideia, deitando-se na cama e olhando o céu estrelado.

Pensou que só lhe faltava uma companhia agora. E novamente Tarja lhe veio à mente... Ele não era de correr atrás de ninguém e aquela não seria a primeira vez que isso iria acontecer, principalmente depois dela ter recusado seu pedido de casamento. No entanto, novamente se pegou desejando ligar para ela, mas logo se repreendeu, principalmente porque ela estava do lado de Hunter. “Talvez ele seja o namoradinho dela...”. E o que o irritava mais era o fato de estar se importando com isso, o que não o agradava nem um pouco. “Ela nem é mais meu tipo! Já foi! Está muito gorda agora!”, ele criava desculpas, tentando convencer a si mesmo, pois a verdade era que a achava linda de qualquer jeito.

Tentou ler um livro. Não se concentrou.

Então voltou a olhar o céu limpo e brilhante.

E foi inevitável recordar-se da época em que namorava Tarja...

Anos atrás os dois até estiveram ali, naquela casa dele em Al Simhara (na época, recém-adquirida).

Seus jantares eram sempre muito agradáveis e eles tinham assuntos para horas!

Fora a diversão certa na jacuzzi!

Ou na cama dos dois pombinhos!

Eram apaixonados um pelo outro.

E um amor que tinham em comum era viajar para Sunlit Tides.

Geralmente passavam dias curtindo um spa cinco estrelas que havia lá. E Nooa se lembrou dos longos cabelos de Tarja!

À noite, sempre iam para os animados barzinhos que ficavam à beira da bela e convidativa praia.

Ele amava dirigir com sua Ferrari por ali; as paisagens eram deslumbrantes!

Dançavam muito!

E ele geralmente sempre a surpreendia com algo.

Assim, pulavam de um spa para outro. Um de seus preferidos tinha a vista mais inesquecível do local.

E eles aproveitavam cada minuto que tinham.

No entanto, tudo isso agora era passado...

E Nooa sabia disso. Mas ainda era difícil para ele não se perder em tantas memórias boas, principalmente após tê-la reencontrado no bar Taverna. Mas agora sua única opção prática e possível era dormir; e foi o que ele fez, ouvindo o vento e o som agradável da natureza que o cercava.

Na manhã seguinte, a surpresa!

A lâmpada que recebeu de Akhenaten apareceu na mesa de cabeceira ao seu lado.

Riverview.

Os pensamentos de Vadinho estavam na mulher e na filha, apesar de haver explosivos presos em seu corpo. Ele estava desesperado. Sabia que iria morrer, mas acreditava que, pelo menos, as duas ficariam seguras. Por isso, estava decidido a implorar pela ajuda do primeiro militar que encontrasse, para que o estrago não fosse tão grande. Com certeza as câmeras de segurança gravariam seu pedido de ajuda e todos entenderiam que ele foi forçado àquela situação terrível. Mas ele não teve muito tempo para falar. Poucos minutos após sua entrada no local, uma grande explosão destruiu uma boa parte da base.

Seu barulho foi ouvido em todos os setores do local, incluindo os subterrâneos. Felizmente a estrutura das áreas especiais era extremamente forte, reforçada com materiais caríssimos. E havia sempre uma saída de emergência.

Lá fora, Nina Caliente mandou um sms para Gunnar: “Feito.”.

No setor dos Caçadores.

Poucos minutos antes da explosão,...

Tuuli gritava de terror enquanto Chin agonizava, vítima do poder do unicórnio Erion.

- Susan, eu não posso colocar Tuuli aí com Erion! – Tarja disse, assustada após ver o que a criatura tinha feito com a vampira e perguntando-se se o unicórnio não faria o mesmo com a Styrman.

- Tarja, se não pode fazer seu trabalho por questões pessoais, por favor, peço que se retire daqui. – Susan disse, vendo o desespero da garota, que se jogou nos braços de um dos soldados, para não ver a cena, chorando desesperadamente.

Um dos homens, que saiu do local carregando as cinzas de Chin, única coisa que sobrou dela, disse: - O local está pronto para receber a garota.

- Como eu disse, Tarja, é melhor você se retirar. – Susan disse, seríssima.

E foi o que Tarja fez. Saiu dali.

Mas ela foi direto para a área onde eram mantidos os prisioneiros.

- Max,... Preciso falar com você... – Tarja disse, séria, entrando em uma das celas.

- Ora, ora, ora... Mas vejam só quem está me visitando! – O sujeito sorriu, sarcástico.

- Max, você estava certo esse tempo todo. Não estão certas as coisas do jeito que estamos fazendo! – Ela estava angustiada. Já tinha matado Inumanos antes, mas a garota Chin nunca fizera nada de ruim a ninguém.

O homem olhou-a desconfiado:

- Ok. Isso é algum teste, certo? – Ele perguntou, desconfiado.

- Não. E eu estou decidida a te tirar daqui. Você e o Anton, o único que sobrou do teu grupo... – Ela falou baixinho essa última parte.

Anton estava na cela à frente, mas não conseguia ouvir o que eles conversavam.

Max ficou quieto por alguns segundos:

- João Victor ainda acha que estamos treinando em Shang Simla, não é?...

- Sim,... – Ela falou baixinho.

- Sabe que o que fizemos foi a coisa certa a ser feita, não sabe? – Ele a olhou, sério. – Eu não me arrependo, Tarja. Se veio aqui tentar descobrir o meu pensamento à respeito, saiba que não mudou nada e...

- Para, Max! Eu não vim aqui para isso. Eu já te disse!

Alguns meses atrás, a equipe de Max tinha recebido a informação de que tinha sido chamada para treinamento pela Organização Heng. Mas era uma armadilha de um dos grupos de Caçadores de Cottoneye, pois eles descobriram que o grupo de Max estava protegendo uma vampira recém-transformada, filha de um dos integrantes do grupo (e que já não estava mais vivo agora). Essa equipe de Hunter os pegou assim que eles desembarcaram em Shang Simla, depois matou a menina Inumana e, em seguida, levou Max e seu grupo como prisioneiros para a base militar de Riverview; e João Victor continuava acreditando que eles estavam em treinamento, pois ele, como Líder Geral dos Caçadores de Sunset, estava sob discreta investigação para que a Organização soubesse se ele tinha conhecimento de que um grupo de agentes seus tinha decidido proteger uma daquelas criaturas.

- Eu não entendo. Você sempre foi permissiva com tudo que Hunter fazia por aqui! Praticamente todo meu grupo foi dizimado! O que te levou a mudar de ideia?

- No momento isso não importa. Agora eu vou tirar você e seu amigo daqui!

Assim que Tuuli entrou onde Erion estava preso, a criatura se aproximou dela, cheirando-a. A garota estava assustada, mas estranhamente o medo foi passando. Susan e os dois soldados olhavam, atentos.

E então, de repente, Erion ficou inquieto. Abaixou-se e emitiu um poderoso raio na direção da Styrman.

Então, naquele momento, Tuuli entendeu tudo. Tuuli se lembrou de tudo e teve uma compreensão absurda sobre os acontecimentos: ela era a sacerdotisa Æsir. E Erion, seu querido amigo Erion, há muito a esperava. Precisavam sair dali. Ela precisava encontrar Gunnar imediatamente e abrir o portal Rhaluk. Dessa vez não deveria haver erros, ou teriam que esperar por mais séculos.

- Ok... Não temos que nos preocupar. – Susan disse. – Se ele eliminou uma Inumana e está de boa com Tuuli, isso quer dizer que ela é uma de nós. – levem Tuuli de volta para o quarto. – Ela disse aos soldados.

No entanto, a menina rapidamente montou no unicórnio e, para surpresa de todos ali, ambos ficaram translúcidos.

Susan e aqueles homens nunca tinham visto algo assim. A cientista desmaiou.

Então uma grande explosão foi ouvida ao longe. Vinha da área superior.

Com a Æsir com ele, Erion só precisou juntar todas suas forças para teletransportar os dois dali. Sozinho, ele não teria conseguido, devido às proteções mágicas que cercavam o local. Mas infelizmente não estava forte o suficiente para tirá-los da base, dessa forma, apareceram na área externa de uma das saídas alternativas, aquela pela qual o unicórnio foi trazido quando capturado.

- Pelo Grande Sim! Aquela é a Tuuli?! – Tarja olhou assustada, quando viu a menina materializando-se ali fora, em forma espectral, com o unicórnio.

A Caçadora tinha acabado de passar pelo portão com Max e Anton, aproveitando que a segurança estava comprometida por conta do ataque à base principal. Estava ajudando os dois Caçadores a escapar. Já estavam de saída, entrando no carro, quando ela viu a garota surgir mais à frente.

- Entrem no carro! Vamos! Corram! Precisamos descobrir para onde ela está indo e o que está acontecendo!!! - Tarja falou rápido com Max e Anton, pegando o celular e entrando no carro, sem entender o porquê da menina estar naquela forma etérea. Como uma Caçadora, ela simplesmente sabia que a garota não estava morta.

- Você disse “Tuuli”? Não é a Styrman, é? – Max perguntou meio desconfiado, entrando no carro também.

- Sim. É a irmã de Nooa, seu “amigo”. – Ela respondeu, pegando o volante. Jogou o celular para Anton. – Eu dirijo. Você entra em contato com Nooa.

A rixa entre Nooa e Max era velha. Só que ninguém sabia o motivo.

- O que essa garota é? Eu a vejo como um espírito, mas sinto que ela não está morta. – Anton disse, sério, batendo a porta do carro e ligando.

- Pelo menos só nós, os Despertos, vemos uma cena dessas! Já pensou se os humanos comuns não enxergassem apenas uma jovem cavalgando em um cavalo comum? Seria um problema! – Max falou. – Mas tinha que ter a ver com Nooa, hein? Aquele lazarento só se mete em roubada! Já vi que é coisa de família!

- O celular dele só cai na caixa. Tô mandando um sms pra ele. Estou dizendo que a irmã dele está sendo seguida por nós. – Anton disse, sério.

- Mas diz só isso! Sem detalhes! Mande-o rastrear meu celular para nos achar. – Tarja falou.

- Quando os militares descobrirem que não estamos lá, vão usar teu celular é para nos achar! – Max reclamou.

- Vamos resolver um problema por vez. – Ela respondeu.

Mansão Remington.

Minutos depois.

Gunnar agradeceu a Erion pela ajuda.

Depois deu um longo abraço em Tuuli, que sentia um misto de medo e uma estranha sensação de que tudo ficaria bem perto do guerreiro.

- Minha querida, está tudo pronto. – Ele disse, com uma voz que lhe passava segurança, de tão familiar que era. A voz forte de Anders. - Eu trouxe Rhaluk para cá. Vamos subir para que possa trazer a liberdade para nosso povo depois de tanto tempo...

Ela não sabia o que dizer. Ela era uma Æsir. Seu povo sofreu perseguição por parte dos “Rebeldes”, agora conhecidos como Caçadores. Heng, o Primeiro Caçador, lançou uma maldição sobre eles. Seu povo ficou preso eternamente nas trevas. Os portais para seu mundo foram fechados, assim como os de outras criaturas sobrenaturais.

- O humano... Eu não abri o portal das outras vezes por causa dele... – Ela disse.

- Isso não importa mais. É passado. Vamos. Precisamos ir até Rhaluk logo, antes que nos atrapalhem novamente...

Seguiram para dentro da mansão, para o aposento onde o portal esperava para ser finalmente aberto.

Casa dos Simovitch.

- Bete!!! Bete!!! – Daniel teve o cuidado de acordá-la sem fazer muito barulho, para assim não chamar a atenção de Dina, que estava no quarto da mãe da garota.

Quando Bete viu aquele garoto estranho dentro de seu quarto, só não gritou porque ele lhe tapou a boca rapidamente, dizendo:

- Ok. Sei que não sabe quem sou! Meu nome é Daniel Wang, aquele sobre o qual Tuuli lhe falou, lembra? Há uma mulher na sua casa neste momento, e ela pretende fazer mal a você e sua família! Eu já chamei a polícia, mas precisamos sair daqui antes que algo de ruim lhe aconteça! Ok? Posso tirar a mão? Se gritar, estaremos perdidos!

A garota assentiu, assustadíssima. Ele tirou a mão da boca dela.

- Precisamos sair daqui agora! Vem comigo! – Ele disse, abrindo a janela do quarto.

Bete não sabia como reagir. Seguir um guri louco que entrou no quarto dela em plena madrugada?

Então ambos ouviram o grito da Sr.ª Simovitch.

- MÃE!!! – Bete correu para o quarto dela, sem que Daniel tivesse tido tempo de segurá-la.

Dina largou Dona Fátima no chão, ao ver os dois adolescentes entrarem no recinto.

- MÃE!!! MÃE!!! – Bete gritava, desesperada.

- Ora, ora, ora,... Duas testemunhas? Precisamos cuidar disso, não concordam? Eu sei o que posso fazer com vocês... – Dina sorriu, maldosa.

[Continua na próxima segunda! :) ]

Hi, amigo Simmer! Obrigada por acompanhar essa história!

Tenha uma ótima semana! :)

Como não tenho mais nem o TS3 instalado, e como essa história foi escrita há alguns anos, não sei onde baixei, na época, todos os Sims e CPs (“conteúdos personalizados”) utilizados. Mas que fique registrado aqui meu agradecimento aos criadores! Thank to the creators! :D